Acordo com ICNF para a cedência de terrenos e aprovação da revisão do Plano Diretor Municipal permitem criar mais áreas empresariais.
As zonas industriais da Marinha Grande e de Vieira de Leiria vão ser ampliadas de 212 para 883 hectares, na sequência da aprovação da primeira revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), criado em 1995. A deliberação foi tomada na última reunião de Assembleia Municipal e contou com os votos favoráveis de todos os partidos, à exceção da CDU.
Aurélio Ferreira, presidente da Câmara de Marinha Grande, assegura que a cedência das matas nacionais para alargar as duas zonas industriais resultou de uma “negociação árdua” com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). “Agora, os privados que quiserem comprar têm de entregar ao ICNF a mesma área em terrenos”, esclarece. Para tal, falta apenas elaborar o Plano de Pormenor. “O [então] presidente Álvaro Pereira fez isso a sul da zona industrial do Casal da Lebre, na Marinha Grande, através de uma permuta”.
Gerar emprego
Com uma área total de 82 hectares, a zona industrial do Casal da Lebre será ampliada, para nascente até à Estrada da Maceira e para poente até à freguesia da Moita, e a da Vieira vai crescer para nascente até ao limite do concelho. Além disso, Aurélio Ferreira revela que nascerá uma zona industrial na Garcia, junto do armazém da empresa de vidro de embalagem Gallo Vidro, e outro pequeno parque empresarial no limite do concelho, perto do da Barosa, em Leiria.
A zona industrial da Moita será ampliada até ao limite do concelho, ficando encostada à do Casal da Lebre. Além disso, vão ainda ser construídas duas empresas entre Albergaria e Pero Neto, e as indústrias que se instalaram, ao longo dos anos, na Marinha Pequena vão beneficiar, igualmente, de infraestruturas. “Queremos dar melhores condições às empresas, criar condições para o desenvolvimento económico e contribuir para gerar riqueza e emprego qualificado”, assegura.
Satisfeito por, finalmente, poder deixar de recusar investimentos no concelho, como sucedeu há duas semanas quando foi contactado pelo IAPMEI a perguntar se tinha 40 hectares de terreno para instalar uma empresa estrangeira, o presidente da Câmara acredita que, “daqui a dez anos, a Marinha Grande será outra cidade”.
Marinha Grande tem perdido investimentos ao longo de décadas e tem estado impedida de permitir a ampliação de outras indústrias, devido à falta de terrenos. Em consequência disso, algumas mudaram para Pombal, Leiria, Batalha, Porto de Mós e Alcobaça. “A última zona industrial que criámos foi o Casal da Lebre, nos anos 90, que rapidamente esgotou”, recorda o autarca. “Quando se fez o PDM de 1995, devia-se ter previsto o alargamento, o que não sucedeu, e durante 30 anos atrofiámos completamente”, afirma Aurélio Ferreira. Contudo, com a aprovação da primeira alteração ao PDM, tudo mudou. “Este processo já não anda para trás. Em agosto, já estamos a viver com este PDM”.
Novas variantes tiram camiões do centro
A alteração ao PDM vai permitir construir variantes, a nascente e a poente, para evitar que “centenas de camiões” atravessem a cidade todos os dias, alterar a classificação de terrenos para edificar mais habitação no centro e legalizar casas. Aurélio Ferreira refere que as praias da Vieira e de S. Pedro de Moel serão requalificadas, mas, no caso desta última, as casas manterão o limite de dois pisos. “Vamos dar um pulo imenso no ordenamento do nosso território”.