Presidente do PS reage à saída de Marco Martins da liderança da Concelhia de Gondomar com críticas indiretas ao antigo autarca. Declarações de Carlos César ao JN marcam novo capítulo da tensão interna no partido a nível local.
“O Marco Martins foi um bom presidente de Câmara, mas, como várias vezes acontece, há políticos que têm grande dificuldade em sair dos cargos que ocuparam muito tempo e que conflituam com os seus sucessores. Foi o caso”, afirmou Carlos César, numa declaração ao JN que marca uma tomada de posição clara da direção nacional do PS num processo que tem gerado forte contestação interna.
O histórico socialista defendeu que o foco do partido deve estar na renovação: “O que nos interessa em Gondomar é não ficar preso ao passado e continuar em frente, inovando e renovando as nossas candidaturas. É o que estamos a fazer com o Luís Filipe Araújo, que é o nosso candidato a presidente de Gondomar, escolhido democraticamente pela concelhia local do PS".
A demissão de Marco Martins, tornada pública esta semana, surge em rutura com o atual processo de preparação das listas autárquicas, liderado por Luís Filipe Araújo, seu antigo vice-presidente que assumiu a presidência da Câmara aquando da sua saída para a empresa Transportes Metropolitanos do Porto. Martins denunciou um “total desrespeito” pelas estruturas concelhias e acusou a atual liderança local de o tentar apagar politicamente.
Na carta que dirigiu aos militantes, o ex-autarca fala em reuniões à revelia, ausência de articulação na escolha de nomes e até movimentações de pré-campanha feitas sem o seu conhecimento. “Não contarão com o meu apoio, nem serei responsável pelo que possa acontecer”, afirmou.
A reação de Carlos César reforça o posicionamento da direção nacional, que, tal como a distrital do Porto, tem manifestado total apoio à candidatura de Luís Filipe Araújo e afastado críticas internas, incluindo as feitas também por Carlos Brás, outro ex-dirigente socialista que avança como candidato independente à Câmara.
A tensão no PS/Gondomar, marcada por dissidências e acusações cruzadas, promete continuar a marcar o debate político local até às próximas autárquicas.