Desporto

"Portugal devia jogar muito mais, o selecionador leva sempre os mesmos"

Treinador aponta o dedo aos critérios de Roberto Martínez Foto: Álvaro Magalhães / Facebook

O antigo internacional, Álvaro Magalhães, recordou, ao JN, a única e épica vitória de Portugal em solo germânico, frente à Alemanha, há 40 anos. Sobre a partida de amanhã, na Liga das Nações, em Munique, dá ligeira vantagem ao adversário, apesar da enorme qualidade individual lusa.

Há 40 anos, Portugal escreveu uma das belas páginas da sua história, ao garantir a sua primeira e até hoje única vitória, frente à Alemanha, em solo germânico. O triunfo, em 16 de outubro de 1985, revelou-se épico por ter permitido o apuramento para o Mundial de 1986, e foi pintado, em Estugarda, com um golo de fora da área de Carlos Manuel. Nesse dia, a equipa das quinas precisava de um milagre para carimbar o apuramento, mas, na verdade, acabaram por se verificar dois: antes da vitória na Alemanha, a favorita Suécia perdeu, à tarde, com a Checoslováquia, resultado inesperado que abriu caminho aos heróis lusos, comandados pelo selecionador José Torres.

Álvaro Magalhães, antigo jogador de Portugal, não saiu do banco nessa noite mas viveu com intensidade todas as incidências. “A Alemanha foi superior, teve muitas oportunidades, algumas bolas bateram no poste, mas felizmente nenhuma entrou na baliza do nosso querido Bento. Pelo meio, apareceu aquele pontapé, o Carlos chutou de muito longe e surpreendeu… Foi um jogo emotivo, de muita apreensão”, lembrou, ao JN. O sofrimento foi enorme para segurar a magra vantagem. “Eles tinham uma super equipa, fomos felizes, lembro-me que eles rematavam de todas as formas à nossa baliza mas fomos briosos”. No fim, a festa. “Foi uma verdadeira loucura no balneário. Chegar ao Mundial, naquela altura, não era para todos e ficámos todos contentes. Fomos competentes num jogo muito complicado”.

Hoje, os tempos são outros e a seleção lusa tem uma tarimba internacional que, há quatro décadas, era praticamente inexistente. Ainda assim, Álvaro concede ligeiro favoritismo à Alemanha. “Joga em casa e tem o público do seu lado. A componente física também pode ter muito peso, vamos ver como está a forma dos jogadores, a temporada foi desgastante. Neste capítulo, os alemães costumam ser superiores. A nossa seleção é bastante respeitada, os jogadores atuam nas melhores equipas da Europa, mas falta dar um passo em frente”.

A qualidade do selecionador, Roberto Martínez, levanta dúvidas ao ex-internacional, de 64 anos. “Com a sua qualidade individual, Portugal devia jogar muito mais. Além disso, não coloca em campo os que estão em melhor forma, alguns nem jogam nos seus clubes e, mesmo assim, são convocados. Leva sempre os mesmos. Só isso, na minha opinião, define o selecionador”.

Rui Farinha