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Amigos concluem livro de Dom Phillips sobre Amazónia três anos após a sua morte

O jornalista britânico Dom Phillips e o ambientalista brasileiro Bruno Araújo foram assassinados em 5 de junho de 2022 Foto: Direitos Reservados

A investigação do jornalista britânico Dom Phillips, assassinado em 2022, para escrever um livro sobre como proteger a Amazónia foi concluída por um grupo de amigos seus e a obra foi lançada esta terça-feira.

O jornalista britânico e o ambientalista brasileiro, Bruno Araújo, foram assassinados em 5 de junho de 2022 perto do município de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, um local inóspito próximo da fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, onde os dois recolhiam informações para o livro que Phillips estava a escrever sobre ameaças contra os indígenas brasileiros.

Embora o jornalista britânico e o especialista brasileiro estivessem desaparecidos desde 5 de junho de 2022, os seus corpos só foram encontrados 11 dias depois, após a confissão de um dos suspeitos do crime.

As duas vítimas foram baleadas e esquartejadas, e depois os restos mortais cremados e escondidos num local de difícil acesso no meio da selva, segundo informaram então as autoridades.

O assassínio causou choque e expôs as ameaças que espreitam na Amazónia, especialmente naquela região, o vale do rio Javari, um dos locais com maior número de indígenas isolados do mundo e onde a pesca e a caça clandestinas convivem com o tráfico de drogas e a pirataria.

Nove pessoas foram indiciadas pelos assassínios.

Com a aprovação da viúva de Phillips, Alessandra Sampaio, um grupo de cinco amigos concordou em levar o projeto adiante através da análise de anotações, esboços e os poucos capítulos que Phillips já tinha escrito.

O grupo liderado por Jonathan Watts - escritor ambientalista sobre a Amazónia para o "The Guardian", coautor do prefácio e de um dos capítulos - incluiu Andrew Fishman, presidente do "The Intercept Brasil", com sede no Rio de Janeiro; a agente de Phillips, Rebecca Carter; David Davies, um colega seu de Londres e Tom Hennigan, correspondente na América Latina do "The Irish Times".

O grupo quis garantir que a obra refletia a mudança política na abordagem brasileira em relação à Amazónia desde a morte de Phillips, uma vez que houve uma mudança de chefes de Estado.

A maior parte da pesquisa de Phillips foi feita durante o mandato do Presidente Jair Bolsonaro, quando a desflorestação da Amazónia brasileira atingiu o maior nível em 15 anos em 2021. O ritmo da destruição diminuiu após a derrota de Bolsonaro em 2022 para o líder do Partido Trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva.

Três anos depois, a obra "How to Save the Amazon" ("Como Salvar a Amazónia") foi publicada terça-feira, no Brasil e em Inglaterra e seguirá também caminho até aos Estados Unidos oficialmente em 10 de junho.

JN/Agências