Nacional

Livre defende baixa do IVA de 23% para 21% e pede cautela a quem promete IVA zero

Rui Tavares numa ação de campanha do Livre no Mercado de Benfica Foto: Tiago Petinga / EPA

O porta-voz do Livre defendeu, esta quinta-feira, a baixa do IVA de 23% para 21%, tal como acontece em Espanha, e pediu cautela a quem promete IVA zero porque este imposto tem de ser negociado a nível europeu.

No final de uma visita ao Mercado de Benfica, em Lisboa, onde ouviu pedidos de ajuda para baixar os preços dos produtos, Rui Tavares assumiu que o Livre é a favor de baixar o IVA que é o “grande ausente” do discurso sobre fiscalidade em Portugal.

A esse propósito, o dirigente do Livre referiu que a direita só fala em baixar o IRC que beneficia, basicamente, as grandes empresas e outros falam em baixar o IRS, mas dos mais ricos, e do IVA ninguém fala. O IVA aumentou de 21% para 23% ainda antes da troika e assim continua, reforçou.

A título de exemplo, Rui Tavares disse que se uma família quer comprar material escolar para os filhos no início do ano letivo ou precisa de reparar o carro paga o IVA a 23%, o que não se justifica.

“Portanto, o Livre é a favor da baixa do IVA, de regressar aos 21% e diminuir nos bens de primeira necessidade, mas o Livre não tem metas de promessas concretas em relação a isso porque depende da situação macroeconómica que nós tivermos, precisamos de ser muito honestos com as pessoas”, frisou.

E, além disso, acrescentou, o IVA é das poucas políticas fiscais que têm de ser geridas de acordo com negociações europeias e que envolvem algum tipo de harmonização, ao contrário de outros impostos.

Apesar de considerar que baixar o IVA é a única baixa de impostos que tem um impacto económico que permite às pessoas poupar, o Livre ressalvou que é preciso “ter cuidado” porque o primeiro-ministro, Luís Montenegro, gastou o que tinha em caixa a fazer campanha eleitoral.

“E nós vivemos num mundo muito incerto, não sabemos se a crise económica está aí ao virar da esquina”, atirou. Mas, baixar de 23% para 21% é sempre possível, tal como acontece em Espanha, entendeu.

Rui Tavares salienta que o Livre quer é que o país seja reforçado a partir da base e dos que menos podem e, por isso, essa medida faz todo o sentido, considerou.

Papel do PS é tirar votos à AD e não ao Livre

O porta-voz do Livre afirmou hoje que o papel do PS é tirar votos à Aliança Democrática (AD) e não ao Livre e o papel do Livre é disputar o quarto lugar com a Iniciativa Liberal (IL). “Cada um tem que fazer o seu papel”, afirmou Rui Tavares.

E, se assim for, a maioria de esquerda será cada vez mais uma realidade até olhando para as sondagens dos últimos dias, sustentou.

Rui Tavares considerou que essa mudança “pode estar a acontecer”. “E é positivo que aconteça para que a política portuguesa não fique desequilibrada e para que a direita não se veja, de repente, com uma maioria constitucional”, alertou.

E, para se fazer diferente em Portugal, o Livre precisa de crescer em, pelo menos, mais 100 mil votos, advertiu o dirigente do Livre.

“Andam para aí partidos a dizer que querem ter 50 mil dos votos que o Livre teve antes, ou seja, querem ficar com um em cada quatro dos votos que o Livre teve antes”, referiu.

Dizendo que o papel do Livre é disputar o quarto lugar com a IL, Rui Tavares garantiu que se o eleitorado lhe der mais 100 mil votos, o que significa ter uma votação de cerca de 5%, se lhe duplicar o grupo parlamentar, que atualmente é de quatro deputados, então “a mudança já não volta atrás”.

JN/Agências