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Fuzileiros nas praias vigiam banhistas em fim de semana prolongado

Matosinhos é um dos concelhos do país com vigilância dos areais fora da época balnear Foto: Pedro Granadeiro

Como a maioria das praias ainda não tem nadador-salvador, Marinha mobiliza militares para a vigilância nos areais.

O bom tempo esperado para este fim de semana prolongado promete levar milhares às praias de todo o país, mas as condições do mar ainda não estão propícias a banhos e a ausência de nadadores-salvadores na esmagadora maioria dos areais impõe um redobrar de cuidados, principalmente junto de crianças. O Instituto de Socorros a Náufragos vai ter um reforço de vigilância com fuzileiros da Marinha, com curso de nadador-salvador a circular em 14 viaturas Volkswagen Amarok e duas Volkswagen ID.BUZZ apetrechadas com desfibrilhadores automáticos externos, junto às praias onde se prevê uma grande afluência, como é habitual, de norte a sul do país.

Os perigos do chamado mar de inverno são muitos e estão escondidos. São fundões, declives acentuados, remoinhos, agueiros e correntes fortes que levam banhistas para fora de pé, que não se encontram sinalizados e são formados ao longo do inverno.

45 salvamentos num dia

Foi precisamente um agueiro que provocou a única morte por afogamento registada este ano durante uma ida a banhos. Aconteceu no dia 8 de abril na Costa da Caparica, em Almada, quando um jovem de 16 anos, que foi à praia com dois amigos durante as férias da Páscoa, acabou atraiçoado por um agueiro e faleceu. A tragédia não foi maior porque os nadadores-salvadores que patrulham permanentemente a Costa da Caparica resgataram um dos amigos, em estado crítico e que viria a ser salvo em terra pelos Bombeiros da Trafaria. Só nesse dia a Autoridade Marítima Nacional registou 45 salvamentos nas praias portuguesas.

Na Costa da Caparica, em Almada, há um dispositivo de nadadores-salvadores o ano inteiro, financiado pela Câmara, mas não é o único. Fora da época balnear, há em Portugal outros concelhos que apostam em dispositivos de assistência a banhistas em alturas fora do verão, em que há grande procura da população pelas praias. Há vigilância dos areais na Nazaré, Cascais, Grândola, Albufeira, Portimão, Matosinhos, Vila do Conde e Viana do Castelo. Este ano, pela primeira vez, Ílhavo vai ter assistência a banhistas fora da época balnear nas praias da Barra e Costa Nova, sempre que as previsões apontem para dias de sol e de calor.

É melhor não ir ao mar

A Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores alerta a população para nem sequer entrar no mar, se não houver nadadores-salvadores na praia e considera que existe um alto risco de afogamento, em Portugal, durante o fim de semana prolongado. As previsões meteorológicas apontam para dias calor, sobretudo no Sul do país. Para Alexandre Tadeia, presidente da Fepons, “existe uma generalizada falta de conhecimento dos portugueses em identificar perigos, uma fraca cultura de segurança aquática ou a não valorização desses perigos, que está na origem da esmagadora maioria dos afogamentos e que podia ser colmatado com o ensino destes perigos nas escolas”. Segundo o Observatório do Afogamento da Fepons, em média, nos últimos cinco anos, houve 129 afogamentos, o que significa um afogamento a cada três dias.

A época balnear nacional tem início a 1 de maio e prolonga-se até ao final de outubro. Os primeiros concelhos a abrirem a época balnear, com a presença de nadadores-salvadores vão ser, como tradicionalmente, Cascais e Albufeira. Até meados de junho, todos os concelhos no Litoral e no Interior, onde existem praias fluviais, vão inaugurando as suas épocas balneares, alturas em que é seguro ir a banhos.

Rogério Matos