Justiça

Pugilista do Sporting de Braga suspeito de liderar rede de tráfico de droga 

"Edu" é suspeito de liderar rede de tráfico de droga DR

Um pugilista do Sporting de Braga foi detido por suspeitas de liderar uma rede de tráfico de droga, desmantelada esta semana pela PSP de Barcelos. “Edu” Cameselle, um dos “boxeurs” mais conhecidos dos arsenalistas, está em prisão preventiva e foi suspenso pelo clube.

Eduardo Augusto Cameselle Machado, de 33 anos, natural e residente em Barcelos, encontra-se indiciado por liderar um grupo a quem o Ministério Público (MP) imputa crimes de associação criminosa e tráfico de droga agravado.  Segundo fontes judiciais, em casa de “Edu”, como é conhecido, a PSP de Barcelos apreendeu, entre outro material suspeito de narcotráfico, placas de canábis (resina), com cerca de 200 gramas.

Detido pela PSP de Barcelos, foi presente a tribunal. Sexta-feira, ao fim da tarde, tal como o JN noticiou, “Edu” Cameselle, a mulher, um cunhado e a namorada deste, foram colocados em prisão preventiva. O juiz de instrução criminal de Braga decretou ainda idêntica medida de coação, a mais gravosa, para dois dos seus alegados fornecedores de haxixe, dois homens com cadastro por crimes ligados à droga.

Ainda há três semanas, “Edu” competiu na Taça de Portugal com a categoria de pesos pesados + de 92 quilos pelo Sporting Clube de Braga. Segundo apurou o JN, a detenção do pugilista e a prisão preventiva ordenada pelo tribunal apanharam o clube bracarense de surpresa, tendo sido imediatamente decretada a suspensão do atleta.

“Edu” Cameselle, cuja família tem origem na região vizinha da Galiza, em Espanha, já foi futebolista em clubes regionais do Minho. Jogou no Vizela, Ninense, Trofense, Fão, Mirandela, Valenciano e CF Estrela, após começar a carreira na equipa Sub-19 do Sporting de Braga. Além de praticante de pugilismo, tinha uma academia de boxe, o “Boxing Clube de Barcelos”, que segundo o Ministério Público, seria um negócio de fachada.

Academia de boxe seria negócio de fachada

A academia “Boxing Clube de Barcelos” serviria de cobertura para o tráfico de droga, sustenta o Ministério Público com base nas investigações criminais da PSP de Barcelos, durante a semana que agora acaba. 

A operação antidroga da PSP estendeu-se por Barcelos, Viana do Castelo e Valença do Minho e redundou na detenção de 14 pessoas. A Polícia apreendeu cocaína suficiente para cerca de 560 doses individuais, haxixe que daria para cerca de 330 doses, além de 12800 euros em dinheiro, um revólver com diversas munições e diverso material relacionado com o tráfico de estupefacientes.

A PSP de Barcelos, reforçada por elementos do Comando Distrital de Braga da PSP e da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia no Comando Metropolitano da PSP do Porto, centrou as buscas na freguesia urbana de Arcozelo, em Barcelos, em especial no Bairro 1º de Maio e na Urbanização do Souto. Também visitaram um apartamento na cidade de Viana do Castelo e outro em Valença do Minho.

Sabe-se por outro lado, que especialmente as drogas duras (heroína e cocaína) seriam adquiridas na cidade do Porto, nos bairros sociais vizinhos da Pasteleira Nova e de Nuno Pinheiro Torres, na freguesia de Lordelo do Ouro.

Tráfico na zona ribeirinha de Barcelos

O epicentro do tráfico de droga seria na Rua do Doutor Aníbal Araújo, perto da Junta de Freguesia de Arcozelo, na cidade de Barcelos. Dado o crescendo da venda de droga no local, haveria já uma luta pelo território entre grupos rivais, com rixas à mistura.

A PSP de Barcelos apurou que o local predileto para o narcotráfico seria um túnel na confluência das ruas do Doutor Aníbal Araújo e de Tomé de Sousa, numa zona com diversos acessos, o que dificultaria o controlo e as eventuais operações policiais. Mas, ultimamente, as negociatas estariam a expandir-se à zona ribeirinha de Barcelos, devido à sua vida noturna.

Ameaças a agressões aos desistentes

Numa lógica do domínio do narcotráfico em zonas consideradas ideais, em Barcelos, o grupo funcionava com normas muito rígidas. Segundo se apurou, quem desistisse das atividades ilícitas ou não afinasse pelo diapasão da liderança, seria perseguido, ameaçado e às vezes agredido.

Dois dos antigos elementos do grupo ter-se-ão visto obrigados a emigrar, receando mais represálias, um para a Córsega e outro para o Brasil.

Joaquim Gomes