Praça da Liberdade

Linha do Douro: dificilmente uma prioridade para a região

A Linha do Douro, além do transporte de mercadorias e de pessoas, no plano turístico, permite conectar quatro patrimónios da humanidade: cidade do Porto, Alto Douro Vinhateiro, Côa e Salamanca, com óbvio impacto no desenvolvimento turístico do Norte. O interesse estratégico de ligar o Porto à rede ferroviária espanhola mantém-se, obviando o congestionamento de outras linhas.

Desde 2007, data em que os municípios da região criaram a comissão para a revitalização da Linha do Douro, muito se disse, mas pouco se fez! O Governo e a Infraestruturas de Portugal invocaram, sucessivamente, motivos de natureza técnica para o atraso. Até a própria pandemia não terá permitido que o projeto fosse enquadrado no Portugal 2020. Muito recentemente, foi dito pelo poder central que não é uma prioridade.

Para o interior, promessas políticas dificilmente se transformam em realidade! Não parece que as questões de coesão territorial sejam preocupação do poder central! Centrar a alocação de fundos apenas nos principais eixos urbanos e nas regiões mais desenvolvidas está longe de ser uma solução socialmente justa e comporta fortes custos sociais no futuro.

Situações como esta sustentam a descrença no compromisso do Estado com a coesão territorial e têm consequências no desenvolvimento económico. A falta de investimento na ferrovia no interior também contribui para agravar o esvaziamento e o consequente envelhecimento da população, a que se se associa uma natural perda de confiança e de atratividade da região. Será este o país que coletivamente pretendemos?

Pela sua relevância, este tema merecia ser objeto de discussão pelos partidos políticos e pelos candidatos a novos representantes da região para o novo ciclo de governação que se avizinha.É tempo de apresentar propostas que, num contexto de acelerada transformação da sociedade, possam garantir um processo efetivo de convergência dos territórios do interior.

Fontainhas Fernandes