Câmara impõe velocidade máxima de 20 km/hora em ruas do Centro Histórico. Programa é apresentado esta terça-feira. Município quer ter, em 2026, uma rede pedonal com 30 quilómetros.
Há um novo limite de velocidade nas ruas estreitas da Vitória, no Centro Histórico do Porto. Quem, a partir de hoje, por lá circular de carro não poderá exceder os 20 quilómetros por hora e terá de redobrar a atenção, já que pelo menos nove artérias daquela freguesia passam a estar classificadas como "zona residencial ou de coexistência". Isto significa que a estrada poderá também ser utilizada por peões e modos suaves como bicicletas ou trotinetas, em partilha do espaço público com os carros (táxis e TVDE incluídos).
As alterações entram hoje em vigor, com o arranque do programa municipal "Rede 20". O plano é apresentado às 10.30 horas no Largo Amor de Perdição, pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e pelo vereador do Urbanismo, Pedro Baganha.
O objetivo é "limitar o interesse que os automobilistas têm em entrar nestas zonas", explica Pedro Baganha, ao JN, mantendo "os arruamentos estruturantes para a circulação da cidade".
Este condicionamento será alargado a uma série de ruas do Centro Histórico e da Baixa do Porto nos próximos três anos, perfazendo, nessa altura, uma rede de 30 quilómetros de mobilidade suave. Nesta primeira fase, que decorrerá até ao final do ano, o projeto resume-se à colocação de sinalização, medidas dissuasoras da velocidade automóvel, mas também ao condicionamento do estacionamento, que "deverá ser apenas para moradores e cargas e descargas do comércio e da hotelaria". Mas, numa próxima etapa, e "à medida que se vão fazendo obras de reabilitação do espaço público", o perfil das ruas também será alterado, podendo transformá-las à imagem da Rua das Flores, "com o passeio à mesma cota da faixa de rodagem". Essa vertente será mais demorada, já que implica a realização de obras e a instalação de equipamentos.
Cidade "não pode esperar"
"O que se pretende é uma de três: ou são ruas pedonais como a de Alexandre Braga, ou são Zonas de Acesso Automóvel Condicionado [ZAAC - cujo acesso só é permitido a veículos autorizados, através de um aparelho de reconhecimento da matrícula], como Santa Catarina, ou, então, ruas com velocidade máxima permitida de 20 quilómetros por hora, com medidas dissuasoras de velocidade, e que são ruas de partilha", clarifica o vereador do Urbanismo.
Já em janeiro, Pedro Baganha admitia que "com a densificação de transportes coletivos que o metro vai introduzir, faz sentido pensar na cidade de outra forma". Certo é que, admite, "a cidade já não pode esperar esse tempo".
"Portanto, antecipámos a ampliação dessas zonas através desta rede, que vem limitar o interesse que os automobilistas têm em entrar nestas zonas. São ruas muito estreitas e habitacionais, onde só deve entrar quem, de facto, lá vai fazer alguma coisa", observa.
"É uma medida de consciencialização dos cidadãos de que a utilização da cidade é para ser feita de outra forma. Estamos a obrigar os automóveis a andarem mais devagar e com mais cuidado nestes arruamentos, porque vão ser partilhados entre todos os modos de transporte: o pedonal, o ciclável e o mecânico, o automóvel", refere.
Detalhes
Ruas da Vitória
A primeira fase inclui as ruas de Trás e do Arquiteto Nicolau Nasoni, a rua e travessa dos Caldeireiros, a rua e travessa de São Bento da Vitória, as ruas de São Miguel e da Vitória e a Travessa de Ferraz.
Área de 2,4 km²
"A rede incide na área central da cidade, num polígono com 2,4 km²" definido "pelas ruas Álvares Cabral e Gonçalo Cristóvão; pelas ruas da Restauração, D. Manuel II, Maternidade, Boa Nova e Boa Hora; e pelas ruas da Alegria e Fontainhas", refere a Câmara.
Regula 7% das ruas
O programa regulará, assim, 7% dos arruamentos da cidade.