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Parlamento angolano aprova sessão para discutir destituição do presidente

João Lourenço CLEMENS BILAN/EPA/Arquivo

A Comissão Permanente da Assembleia Nacional de Angola aprovou, esta sexta-feira, a realização de uma sessão plenária extraordinária, no sábado, para apreciar a proposta de destituição do presidente da República, João Lourenço, apresentada pela UNITA.

O anúncio foi feito por Manuel Lopes Dembo, primeiro secretário da mesa da Assembleia Nacional, após a reunião da comissão permanente.

A proposta do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) para destituição do presidente da República deu entrada na Assembleia Nacional na quinta-feira.

A iniciativa, que foi publicamente anunciada em julho deste ano, tem como fundamentos a violação grave da Constituição da República, por atentado contra o Estado Democrático de Direito, por meio da subversão de regras de execução orçamental, da economia de mercado e do sistema republicano, bem como por prática de corrupção, peculato, tráfico de influências e reiterada prática de nepotismo.

O documento, com cerca de 100 páginas e mais de 200 articulados, foi subscrito por 90 deputados da UNITA, identificando mais de 200 provas documentais e arrolando como testemunhas 40 cidadãos.

Numa conferência de imprensa que antecedeu entrega da proposta, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, afirmou tratar-se de "um dia muito importante para o desenvolvimento da democracia angolana".

Liberty Chiaka disse que, depois de entregue o documento, a Assembleia Nacional "pára tudo para resolver o assunto", estabelecendo a lei que o Plenário da Assembleia Nacional se reúna com urgência, para organizar o processo.

Na plenária extraordinária, o relatório é discutido e o plenário aprova por votação secreta uma resolução sobre a matéria, por maioria de dois terços dos deputados em efetividade de funções, devendo depois ser enviada a petição de procedimento ao Tribunal Supremo, para eventual processo criminal, e ao Tribunal Constitucional para verificar a conformidade do processo deliberado pela Assembleia Nacional.

A conclusão do processo de destituição do presidente da República tem prioridade absoluta sobre qualquer outro assunto da Assembleia Nacional e deve findar no prazo máximo de 120 dias a partir da data de receção da presente iniciativa, adiantou Chiaka.

A sessão plenária extraordinária antecede a abertura do ano parlamentar, marcada para segunda-feira e que terá como ponto alto a mensagem do presidente angolano, João Lourenço, sobre o Estado da Nação.

JN/Agências