Economia

Diretora do FMI alerta que tarifas de Trump são "risco significativo" para economia global

Kristalina Georgieva (esquerda), diretora do Fundo Monetário Internacional, com Christine Lagarde, do Banco Central Europeu Foto: Michael Buholzer / EPA

As novas tarifas sobre importações anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump representam "um risco significativo" para a economia global, alertou a diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva.

"É importante evitar ações que possam prejudicar ainda mais a economia global", disse Georgieva num comunicado na quinta-feira, enquanto os parceiros comerciais de Washington ponderam medidas de retaliação contra as tarifas anunciadas por Trump.

"Ainda estamos a avaliar as implicações macroeconómicas das medidas tarifárias anunciadas, mas representam claramente um risco significativo para a perspetiva global num momento de fraco crescimento", disse Georgieva.

"Pedimos aos Estados Unidos e aos seus parceiros comerciais que trabalhem de forma construtiva para resolver as tensões comerciais e reduzir a incerteza", acrescentou.

As tarifas mais elevadas do que o esperado de Donald Trump desencadearam uma queda nos mercados do dólar, do petróleo e das ações em todo o mundo na quinta-feira, com os mercados financeiros a anteciparem um declínio no crescimento e no comércio global.

Wall Street fechou em acentuada baixa, com o S&P500 e o Nasdaq a viverem as piores baixas em cinco anos.

Os resultados de sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 3,98%, o tecnológico Nasdaq caiu 5,97%, o pior desempenho desde março de 2020 e o alargado S&P500 recuou 4,84%, a perda maior desde junho de 2020.

A desvalorização das ações na sessão de quinta-feira está estimada em milhares de milhões de dólares. 

A praça bolsista foi abalada pelas novas taxas alfandegárias apresentadas na quarta-feira por Trump, que causaram um vento de pânico na maior parte dos mercados.

Estes agravamentos pautais são particularmente pesados para os exportadores asiáticos e da União Europeia (UE), suscitando ameaças de represália que podem levar à asfixia das economias dos países visados, mas também da dos EUA.  

A ofensiva da Casa Branca, sem paralelo desde os anos 1930, prevê taxas alfandegárias suplementares de 10% e majorações para alguns países: 20% para a UE, 34% para a China, 24% para o Japão e 31% para a Suíça.

"As taxas alfandegárias são mais elevadas e mais graves que previsto e vai ser preciso tempo para determinar os efeitos exatos, não apenas na economia, mas também sobre os lucros das empresas", comentou Tom Cahill, analista da Ventura Wealth Management, em declarações à AFP.

JN/Agências