A vulnerabilidade dos refugiados ucranianos e a exposição de cidadãos chineses a redes de tráfico de pessoas foram o foco principal do Hackathon 2023. Uma maratona de três dias de escrutínio de plataformas online dedicadas ao crime, nomeadamente de exploração de pessoas, que juntou 85 polícias, nos Países Baixos.
A maratona de buscas online, organizada pela polícia neerlandesa, teve o apoio da Europol, a organização que coordena várias polícias europeias. Durante três dias, entre 18 e 22 de setembro, 85 especialistas reuniram-se à volta da mesa e em frente aos computadores na cidade de Apeldoorn, nos Países Baixos, para recolher informações em sites e plataformas online suspeitas de recrutar refugiados ucranianos e imigrantes chineses na União Europeia.
Segundo os dados recolhidos, os traficantes estão a usar as redes sociais mais populares para recrutar vítimas de tráfico, mas também estendem a atividade criminosa a aplicações de namoro ou sites de pesquisa. As tentativas de recrutamento ocorrem frequentemente, ainda, em grupos de comunidades nas redes sociais, que são criados com base na proveniência das pessoas, o país de destino e o serviço pretendido.
O Heckaton 2023 centrou-se no preenchimento de lacunas de informação no recrutamento de vítimas das formas mais frequentes de tráfico de seres humanos, nomeadamente a exploração sexual e laboral. A Europol coordenou as atividades operacionais, que juntaram polícias de 26 países (22 da União Europeia), assim como representas da Autoridade Europeia do Trabalho, da Interpol, a polícia internacional, da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e da Missão Internacional de Justiça.
"As organizações de tráfico de seres humanos tornaram-se cada vez mais digitais, com a Internet a tornar-se um importante facilitador das atividades criminosas neste domínio”, esclareceu a Europol, em comunicado. "A Hackathon 2023 centrou-se na identificação de plataformas online e redes sociais utilizadas para recrutar vítimas para exploração sexual e laboral", adiantou a polícia europeia.
“Os traficantes de seres humanos utilizam diferentes métodos para atrair indivíduos vulneráveis e explorá-los com fins lucrativos”, alerta a Europol, sublinhando que os criminosos usam várias abordagens para recrutar as vítimas. “Uma delas é o engano: enganam as vítimas com falsas promessas de uma vida melhor, educação, emprego ou casamento”, esclarece a polícia europeia. “Outra é a falsa oferta de empregos bem remunerados no estrangeiro”, que se revelam frequentemente empregos altamente exploradores, com salários muito baixos ou mesmo sem qualquer retribuição. Podem também oferecer serviços de imigração a pessoas que querem emigrar e depois aproveitar-se da vulnerabilidade e explorá-las quando já estão num país estrangeiro.
A Europol apoiou a coordenação das atividades operacionais, facilitou o intercâmbio de informações e prestou apoio analítico. Dois especialistas da polícia europeia estiveram no centro de coordenação com o objetivo de facilitar o intercâmbio de informações em tempo real e cruzar as informações operacionais com as bases de dados da Europol. “Os agentes participantes das autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da lei obtiveram assim novas pistas de investigação”, acrescenta o comunicado.
No decorrer da operação, foram verificados 85 nomes de pessoas, investigadas 371 plataformas e analisados 325 aparelhos de comunicações. Segundo o comunicado da Europol, foram ainda inspecionadas 26 plataformas online suspeitas tráfico de seres humanos, cinco plataformas online identificadas como envolvidas em tráfico de pessoas e 10 ligadas ao abuso sexual de crianças.