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Primeiro-ministro indiano nega tendências autocráticas e critica oposição

Modi conseguiu duas vitórias, em 2014 e 2019 Gagan Nayar / AFP

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que pretende alcançar o terceiro mandato nas eleições gerais, nega tendências autocráticas e acusa a oposição de difamar a Índia.

"A oposição não consegue chegar ao poder e, por isso, começa a difamar a Índia na cena internacional", afirma numa entrevista ao diário de língua inglesa Times of India publicada esta segunda-feira. "Estão a espalhar calúnias sobre o nosso povo, a nossa democracia e as nossas instituições", acusa.

Modi, 73 anos, mantém os níveis de popularidade após dois mandatos, durante os quais a Índia aumentou a influência diplomática e peso económico. Os analistas políticos apontam como provável a vitória nas eleições gerais, que vão decorrer durante vários dias até ao dia 1 de junho.

Modi conseguiu para o partido Bharatiya Janata (BJP), nacionalista hindu, duas vitórias em 2014 e 2019, usando argumentos religiosos junto do eleitorado hindu.

"A Índia não se vai transformar numa autocracia eleitoral porque o 'Yuvraj' [príncipe herdeiro] não pode chegar automaticamente ao poder", diz Modi na entrevista, numa referência irónica a Rahul Gandhi, 53 anos, líder do Congresso, o principal partido da oposição e descendente de uma dinastia de primeiros-ministros indianos.

Retrocessos na democracia e liberdade de imprensa

A oposição e os defensores dos direitos humanos denunciam retrocessos na democracia e criticam os apelos de Modi à fé religiosa maioritária da Índia (hindu), em detrimento das grandes minorias, incluindo os 210 milhões de muçulmanos indianos. O governo de Modi é também acusado de utilizar o sistema judicial para neutralizar alguns dos dirigentes da oposição.

Desde que Modi chegou ao poder, em 2014, a Índia desceu 21 lugares no índice mundial de liberdade de imprensa elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), passando a ocupar o 161º lugar entre 180 países.

A afluência às urnas nas eleições gerais tem sido, até ao momento, inferior à registada em 2019. Os meios de comunicação social indianos atribuem este facto às temperaturas muito elevadas.

Os analistas consultados pela agência France Presse acreditam que a vitória do partido de Modi, que parecia garantida, também pode estar a desmotivar os eleitores.

De acordo com o Times of India, Modi está certo de que o BJP e aliados vão ganhar mais de 400 dos 543 lugares no Parlamento indiano. "Onde quer que eu vá, recebo amor, afeto e apoio sem precedentes", afirma ainda o primeiro-ministro. 

JN/Agências