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Assessor da extrema-direita alemã em Bruxelas era espião chinês

Maximilian Krah é o principal candidato do partido de extrema-direita AfD às próximas eleições europeias Foto: Ronny Hartmann / AFP

Um assessor de um político alemão de extrema-direita, candidato às eleições de junho na União Europeia, foi detido por suspeita de espiar para a China, informaram os procuradores alemães esta terça-feira.

O suspeito, Jian Guo, é acusado de partilhar informações sobre os trabalhos no Parlamento Europeu com os serviços secretos chineses e de espiar figuras da oposição chinesa na Alemanha, segundo um comunicado do Ministério Público Federal.

No site do Parlamento Europeu, Jian Guo aparece como assistente acreditado do eurodeputado Maximilian Krah, o principal candidato do partido de extrema-direita Alternativa pela Alemanha (do alemão Alternative für Deutschland, ou AfD) às próximas eleições europeias.

É um cidadão alemão que terá trabalhado como assistente de Krah em Bruxelas desde 2019. O suspeito "é um agente de um serviço secreto chinês", disse o Ministério Público (MP).

"Em janeiro de 2024, o arguido transmitiu repetidamente informações sobre negociações e decisões no Parlamento Europeu ao seu cliente dos serviços secretos. Também espiou membros da oposição chinesa na Alemanha para o serviço de inteligência", acrescenta o MP.

Jian Guo foi detido em Dresden, na Alemanha, na segunda-feira, e as suas casas foram revistadas. O suspeito vive tanto em Dresden como em Bruxelas, de acordo com as emissoras ARD, RBB e SWR, que deram a notícia da detenção.

Segundo o AfD, as alegações são "muito perturbadoras". O porta-voz do partido, Michael Pfalzgraf, afirmou em comunicado que "sem mais informações sobre o caso, temos de esperar pelas investigações dos procuradores federais".

Mais casos de espionagem

O caso, que surge depois de a Alemanha ter detido, na segunda-feira, três cidadãos suspeitos de espiarem para a China, ao facultarem o acesso a tecnologia marítima secreta, deverá alimentar a preocupação no Ocidente sobre a espionagem chinesa.

A embaixada da China em Berlim rejeitou "firmemente" as alegações, segundo a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua.

De acordo com a imprensa alemã, os dois casos não estão relacionados.

No Reino Unido, na segunda-feira, também dois homens foram acusados de entregar "artigos, notas, documentos ou informações" à China entre 2021 e o ano passado.

A polícia identificou os homens como Christopher Berry, 32 anos, e Christoper Cash, 29 anos, que trabalhou no parlamento britânico como investigador. 

AFP