Desporto

"Antipatia" levou Dr. Milagres a abandonar o F. C. Porto

Pedro Granadeiro Paulo Araújo, mais conhecido como "Dr. Milagres".

Paulo Araújo, mais conhecido como "Dr. Milagres", em entrevista ao podcast "Final Cut", analisou o tempo em que esteve ao serviço do F. C. Porto, na época 2021/22. A sua saída, a recuperação de alguns jogadores e o apoio dado a Sérgio Conceição foram os temas em destaque.

A apelidado de "Dr. Milagres", Paulo Araújo é responsável por tratamentos "milagrosos" feitos a atletas do topo do futebol mundial. O caso mais recente foi do português Rafael Leão que, sete dias após uma rotura no adutor, conseguiu disputar as meias-finais da Liga dos Campeões transata, frente ao inter.

Agora, afastado dos dragões desde a época 2021/22, o mestre em medicina tradicional chinesa recordou a origem do seu rótulo "Dr. Milagres" e abordou a sua saída do clube azul e branco. 

"A Imprensa andava atrás de mim, a querer que dissesse quem tratava e não tratava. Todos pediam entrevistas e eu dizia que não. Quer queira, quer não, você é notícia. Ou deixa ao livre arbítrio e vão descobrir o que quer e o que não quer. Ou então, se der entrevista, mata o assunto, ninguém o chateia mais. Liguei-lhe [ao jornalista António M. Soares que era de O Jogo] e disse que lhe dava a entrevista. O meu espanto no dia seguinte quando sai a entrevista e aparece "Dr. Milagres". Liguei-lhe e ele disse: "É isso mesmo. O que faz, no tempo em que faz... é isto mesmo. O título está mais que certo". "E eu disse 'tudo bem'. Hoje convivo bem com isso e até me divirto a ouvir", relembrou Paulo Araújo. 

"Porque saí? Prefiro que fique no segredo dos deuses para já. Havia uma antipatia com a minha presença, não da parte dos jogadores, nem da parte do técnico. Os jogadores queriam que eu continuasse, todos. Eu fiz, em estágio, 1153 tratamentos nesse ano. Foi sempre feito um trabalho em equipa com o staff do mister Conceição. Não era preciso falar muito comigo, porque temos uma coisa em comum: gostamos de ganhar, cada um na sua área", revelou ainda. 

Paulo Araújo destacou alguns dos tratamentos ao jogadores azuis e brancos, no seu tempo no Olival. Principalmente, o de Pepe, apesar da sua "genética muito forte", e de Sérgio Oliveira antes do jogo frente à Juventus, onde o F. C. Porto acabou por carimbar a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões, com um golo de livre do médio.

"Abri a porta e estava tudo lá dentro. O Pepe está em cima da cama, eu a ver se ele sentia dor e jogou 135 minutos. E ainda houve outra história com o Sérgio Oliveira. Disse-lhe: 'Estou aqui a matar este tempo todo, lamento, mas depois deste trabalho todo vais ter de marcar dois golos.' Ele respondeu: 'Não sei mestre...' Eu disse-lhe que tinha pedido um golo à bomba e ele marcou aquele golo de livre. Uma coincidência engraçada, que terminou com o FC Porto a passar.", relembrou. 

"Teve [Marcano] um azar grande. É um atleta de excelência, fiquei assustado quando aconteceu, com ele e com o Evanilson. Infelizmente, confirmou-se. Vai ter sete meses, por aí... Se eu conseguiria trazê-lo mais cedo a jogo? Atendendo à idade, não é aconselhável ganhar 3 ou 4 semanas. Neste tipo de lesão não faria muita diferença. No tendão de Aquiles já seria diferente", sublinhou o "Dr. Milagres", quando questionado sobre a lesão de Iván Marcano, no jogo frente ao Estrela da Amadora. 

Por fim, Paulo Araújo abordou também a sua relação "de respeito" com Pinto da Costa e pediu uma maior "tranquilidade" à estrutura do clube, face ao trabalho de Sérgio Conceição que, na sua visão, está a "carregar o piano"e a "tirar água da pedra". 

Pedro Barros Silva