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Professora despedida por colocar alunos a ler passagens sexuais do "Diário de Anne Frank"

Primeira versão da obra não incluía parte polémica Facebook da Casa de Anne Frank

Uma professora foi despedida de uma escola no Texas, nos EUA, por lecionar uma versão do "Diário de Anne Frank" em que a jovem fala sobre sexualidade. Escola considera o trecho "inapropriado".

A direção da escola privada de Hamshire-Fannett, no Texas, acusa a docente de "ler uma versão do "Diário de Anne Frank" que não estava aprovada pelo estado", afirmou o diretor, Mike Canizales, citado pelo canal local KFDM.

Num email enviado aos pais, no dia 12 de setembro, o diretor afirmou que "o conteúdo lido na aula do oitavo ano não era apropriado" e que a leitura do mesmo "cessaria imediatamente", avança o mesmo jornal.

"A professora vai pedir-vos desculpa a vocês e aos vossos filhos", podia ler-se no email. No dia seguinte, a instituição de ensino comunicou aos pais que a docente tinha sido despedida, "depois de uma investigação ao caso".

O "Diário de Anne Frank" junta os textos que uma jovem judia de 13 anos escreveu no seu diário durante a Segunda Guerra Mundial, quando a sua família vivia escondida num anexo para fugir à morte nos campos de concentração.

A versão lida na aula do oitavo ano foi publicada, em 2018, por Ari Folman e ilustrada por David Polonsky ,e contém algumas passagens, que não constam na obra original, em que Anne faz referência aos órgãos genitais femininos e masculinos. Uma parte que o pai de Anne, Otto Frank, tinha excluída numa primeira versão do livro. 

Texas proibiu 430 obras literárias

Esta não é a primeira vez que o conteúdo gera polémica nos EUA. No ano passado, outra escola privada do Texas também proibiu a obra e, este ano, uma escola da Florida baniu também o livro, refere o jornal britânico "The Guardian".

Apesar de a escola garantir que o livro não estava aprovado, o nome da obra está incluído na lista de leituras enviada aos pais, segundo a KFDM.

Uma mãe ouvida pela estação de televisão do Texas considera que pior do que a leitura do livro é o facto de a professora "pedir-lhes para ler alto o relato da jovem a sentir-se em êxtase ao ver uma rapariga nua. Isso não está ok".

Este episódio surge depois do estado do Texas ter aprovado, em 2021, leis que restringem a abordagem das questões relacionadas com a raça, sexualidade e género dentro das salas de aula, explica o "The Guardian". Neste contexto, o Texas tornou-se no estado americano que mais livros baniu, com 430 proibições.

Rui Vieira Cunha