Justiça

Ministério Público pede prisão para autores de burlas com automóveis

Maria João Gala / Global Imagens

O Ministério Público (MP) pediu, esta quarta-feira, penas de prisão efetiva para alguns dos arguidos que estão a ser julgados, no Tribunal de Viseu, por crimes de burla qualificada com carros de luxo.

No primeiro dia de alegações finais, a procuradora que representa o MP no julgamento decidiu explicar quais os factos imputados a cada um dos arguidos, em cada caso de burla, admitindo que alguns dos suspeitos podem vir a ser absolvidos. “Por força do silêncio, não há provas”, justificou.

Fabrizio Soares, o principal arguido do processo, está acusado de 26 crimes. Com o esquema, apoderou-se de quase meio milhão de euros e, durante a sessão, foi elogiada, por parte da magistrada, a sua “capacidade de argumentação”. “O senhor consegue vender uns óculos a um cego”, ironizou a magistrada.

O grupo de 17 homens está acusado de 133 crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e posse de arma proibida.

Segundo a acusação, o grupo falsificava documentos bancários para se apoderar de automóveis de gama alta que estavam à venda na Internet.

Os pagamentos eram simulados, através de falsos comprovativos de transferência bancária, e os carros eram revendidos, a preços de saldo, em Espanha. O esquema fraudulento fez vítimas por todo o país. Pelo menos seis pessoas abordadas pelos burlões desconfiaram dos mesmos e não se deixaram enganar. 

Seis dos 17 arguidos encontram-se em prisão preventiva.

O segundo dia de alegações finais está marcado para 4 de outubro. 

Ferrari revendido por 22 mil euros

O esquema começou em outubro de 2019, altura em que o grupo adquiriu, de forma fraudulenta, um Ferrari Modena. O proprietário, de Lamego, publicou um anúncio na Internet para vender o veículo por 90 mil euros. Foi contactado por um dos burlões, que mostrou interesse na aquisição do carro. 

No ato da compra, o burlão mostrou um falso documento de transferência bancária, no valor de 87 mil euros, para ficar com a viatura. Em menos de 24 horas, e sem que o proprietário conseguisse validar a suposta transferência junto do seu banco, o grupo conseguiu registar o Ferrari em nome de outra pessoa, levá-lo para Espanha e vendê-lo por 22 mil euros. 

O esquema foi o mesmo para se apoderarem de um Porsche 911 avaliado em 50 mil euros. O proprietário também era de Lamego. O automóvel foi, mais tarde, localizado em Madrid, depois de ter sido vendido por 36 mil euros. 

Mariana Rebelo Silva