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Líbia pede ajuda internacional urgente após passagem devastadora de ciclone

Passagem do ciclone Daniel deixou rasto de destruição Gabinete do primeiro-ministro líbio/ AFP

A Líbia apelou à comunidade internacional para que forneça ajuda humanitária após a passagem do ciclone Daniel. Há dez mil desaparecidos e mais de dois mil mortos, segundo a Cruz Vermelha.

O número de desaparecidos nas inundações na Líbia ronda as 10 mil pessoas, enquanto os mortos já ultrapassam os dois mil, avançou a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).

"Não temos um balanço definitivo" sobre o número de mortos, mas "o número de desaparecidos ronda os 10 mil", afirmou o responsável da FICV Tamer Ramadan, em conferência de imprensa realizada em Genebra, na Suíça.

"As necessidades humanitárias excedem em muito as capacidades do Crescente Vermelho Líbio e até mesmo as capacidades do Governo", explicou Tamer Ramadan, que falou em direto a partir de Tunes.

"Por isso o Governo lançou um apelo à ajuda internacional e nós também vamos lançar em breve um apelo de emergência", referiu.

A tempestade Daniel atingiu o leste da Líbia na tarde de domingo, nomeadamente as cidades costeiras de Jabal al-Akhdar (nordeste) e Bengazi.

Descrita pelos especialistas como um "fenómeno extremo em termos da quantidade de água que choveu", a tempestade Daniel provocou pelo menos 27 mortes na Grécia, Turquia e Bulgária.

Espanha, Itália e Canadá

O presidente do Conselho Presidencial da Líbia, Mohamed Manfi, referiu que já contactou países como Espanha e Itália para coordenar o seu apoio e as petrolíferas Total (França) e Eni (Itália) comprometeram-se a colocar, esta terça-feira, três aviões à disposição das autoridades de Bengazi.

Esta cidade, a quarta maior do país, com quase 120 mil habitantes, está atualmente isolada por terra após a destruição das estradas e pontes devido às chuvas torrenciais, estando também sem eletricidade e sem comunicações.

Duas das suas barragens ruíram na segunda-feira, libertando um total de 33 milhões de metros cúbicos de água e deixando atrás de si áreas residenciais inteiras.

Musa al Koni, um dos vice-presidentes do Conselho Presidencial Líbio, com sede na capital, Trípoli, sublinhou que as autoridades "querem que a ajuda chegue ao máximo de pessoas e o mais rapidamente possível", segundo a agência de notícias estatal LANA.

"Pedimos ajuda a todos os países que sabemos que têm experiência em trabalhos de resgate", disse, antes de revelar que Espanha, Itália e Canadá "manifestaram a sua disponibilidade para apoiar as operações de resgate" no leste do país.

Abdulhamid Debiba, o primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN) com sede em Tripoli (oeste) prometeu que o Estado vai indemnizar as populações atingidas pelas inundações e decretou três dias de luto nacional pelas vítimas.

O chefe do governo paralelo do leste líbio, Osama Hammad, decretou este domingo e segunda-feira feriado em todas as instituições e escolas públicas, com exceção das forças de segurança, médicos e profissionais essenciais.

Hammad definiu a situação em Derna de catastrófica ao referir-se a "milhares de desaparecidos, bairros inteiros arrasados e levados por um mar com os seus habitantes".

Segundo o Centro Nacional de Meteorologia líbio, a precipitação ultrapassou os 400 mililitros por hora, um valor que não se registava há quatro décadas.

A missão das Nações Unidas na Líbia (Unsmil) declarou em comunicado que acompanha e perto a situação de emergência e manifestou "disponibilidade para fornecer apoio aos afetados".

Após ter atingido a Grécia e Turquia nos últimos dias, o ciclone Daniel tornou-se numa tempestade subtropical em 9 de setembro e esperava-se que começasse a enfraquecer sobre a Líbia a partir desta segunda-feira, quando se dirigia para o vizinho Egito, segundo o centro meteorológico regional árabe.

JN/Agências