Três alunos do Colégio Luso-Francês do Porto ganharam a final nacional do Concurso Jovens Cientistas e Investigadores da Fundação da Juventude, com um projeto que usa uma bactéria marinha para regenerar lesões ósseas ou tecidos fragilizados. Vão representar o país num concurso de ciência em Bruxelas na próxima semana.
Afonso Nunes, Inês Cerqueira e Mário Onofre são os estudantes que vão levar o projeto intitulado “SpiderBacH2”, desenvolvido sob orientação da professora Rita Rocha, ao Concurso da União Europeia para Cientistas Jovens (EUCYS). O concurso decorre de quarta a sexta-feira da próxima semana.
Os alunos conseguiram produzir seda de teia de aranha com capacidade de regenerar tecido ósseo. Para tal, introduziram uma sequência genética numa bactéria marinha comum, a rhodovulum sulfidophilum, que permite ao microrganismo conceber células ósseas compatíveis com o corpo humano. Podem ser usadas para restaurar tecidos fragilizados em, a título de exemplo, pessoas com osteoporose.
Segundo os estudantes, a investigação possibilita a mitigação de um “problema de saúde global”, a osteoporose, resultante do aumento da longevidade dos humanos e de estilos de vida sedentários.
De acordo com Inês Cerqueira, do grupo de alunos, a bactéria tem de ser modificada para produzir uma substância chamada BMP7, a proteína morfogenética óssea 7, que ajuda a reparar ossos danificados a partir da diferenciação “provocada” de células-tronco, ou estaminais, obtendo-se como produto os osteoblastos, que são células do tecido ósseo.
Produzir hidrogénio verde
“Como resultado deste processo, a bactéria produz hidrogénio que pode ser utilizado como fonte de energia verde. Esta bactéria marinha está a imitar o processo que as aranhas fazem quando produzem fio de seda, mas a uma velocidade muito superior”, explicou a professora Rita Rocha ao JN. “Além de conseguir regenerar tecido ósseo, a nossa bactéria produz hidrogénio verde como subproduto do seu metabolismo", acrescentou Afonso Nunes, um dos jovens cientistas.
“Integramos assim a vertente da circularidade e da sustentabilidade ambiental em todo o ciclo do nosso estudo”, rematou Mário Onofre, um dos elementos do projeto, que está em desenvolvimento desde setembro do ano passado, em articulação com o laboratório de investigação “3B’s”, da Universidade do Minho.
O grupo do “SpiderBacH2” apurou-se para a final europeia do concurso EUCYS, a decorrer de 13 a 15 de setembro em Bruxelas, ao ser galardoado na final nacional do Concurso Jovens Cientistas e Investigadores da Fundação da Juventude em junho deste ano.
Bruxelas vai receber 85 projetos de 36 países europeus, contabilizando um total de 136 cientistas com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos a competir para o prémio da 34.ª edição do concurso científico.