Um comentário do companheiro da primeira-ministra italiana, o jornalista Andrea Giambruno, que pareceu sugerir que as mulheres poderiam evitar serem violadas se não se embriagarem, está a causar indignação em Itália.
“Se vai dançar, tem todo o direito de ficar bêbada. Mas se evitar ficar bêbada e perder a consciência, talvez também evite meter-se em problemas”, disse Andrea Giambruno no seu programa "Diario del giorno" no canal "Rete 4" após recentes casos de violação coletiva perto de Nápoles e em Palermo.
Giambruno, que tem uma filha de sete anos com Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália, concordou durante o programa com o editor do jornal "Libero", Pietro Senaldi, que disse: “Se quer evitar a violação, acima de tudo não perca a consciência".
Ambos os homens condenaram os violadores, que descreveram como “lobos”, mas os comentários causaram indignação nas redes sociais, onde os utilizadores acusaram Giambruno de culpar as vítimas.
“Eles simplesmente não conseguem evitar culpar as mulheres. Não saia sozinha, não vá a lugares escuros, não se vista de forma provocante. Tudo isto já não é aceitável", disse Cecilia D’Elia, senadora do Partido Democrático (PD), da oposição de centro-esquerda, e vice-presidente da comissão de inquérito ao feminicídio. “Se uma rapariga bebe demais, pode esperar uma dor de cabeça, não uma violação”, acrescentou, pedindo a Meloni que se distanciasse dos comentários do companheiro.
O partido da oposição Movimento Cinco Estrelas (M5S) afirmou, em comunicado, que “as palavras de Giambruno são inaceitáveis e vergonhosas” e “representam uma cultura retrógrada e dominada pelos homens”.
Por sua vez, Giambruno respondeu: “Se eu tivesse dito algo errado, teria pedido desculpas, mas não é o caso e nunca haverá um dia em que um político me diga o que dizer". “Eu disse que a violação é um ato abominável. Tomei a liberdade de dizer aos jovens para não saírem de propósito para se embebedarem e usarem drogas. Aconselhei-os a terem cuidado porque, infelizmente, os bandidos estão sempre por aí. Eu nunca disse que os homens têm o direito de violar mulheres bêbadas", rematou.
Não é a primeira vez que os comentários de Giambruno geram polémica. Em julho, disse ao ministro da Saúde alemão, Karl Lauterbach, "para ficar em casa, ficar na Floresta Negra", depois de Lauterbach ter questionado a viabilidade do turismo no sul da Europa devido às intensas ondas de calor.