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António Costa à frente do Conselho Europeu nos próximos dois anos

António Costa Gerardo Santos / Global Imagens

É oficial. António Costa foi nomeado para o cargo de presidente do Conselho Europeu pelos 27 estados-membros da União Europeia, sucedendo ao belga Charles Michel, que está no cargo desde 2019. É o primeiro socialista a presidir ao Conselho Europeu, que até aqui foi sempre ocupado por conservadores e um liberal.

O nome do ex-primeiro-ministro terá sido mesmo o mais fácil de reunir consenso entre os 27, mas a incógnita permaneceu até ao final da reunião que se estendeu pela noite e durante o jantar, com os líderes a deixarem a decisão sobre os cargos de topo para o final do encontro. Antes, a discussão debruçou-se sobre o financiamento da defesa e o Médio Oriente. Todos os nomes em cima da mesa receberam luz verde. 

Ursula von der Leyen deverá cumprir o segundo mandato na Comissão Europeia, precisando ainda de passar pelo crivo dos deputados do Parlamento Europeu (são necessários 361 votos a favor);  e a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, torna-se a principal figura a liderar a diplomacia da União. A cimeira dos líderes europeus termina hoje em Bruxelas. 

Na prática, o mandato do ex-primeiro-ministro estende-se por um período inicial de dois anos  e meio, com o mandato a poder ou não ser renovado. Já para Leyen e Kallas deverão cumprir o mandato de cinco anos. 

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, foi um dos elefantes brancos presentes na sala, uma vez que não gostou de ser marginalizada pelos colegas do Conselho Europeu nas discussões para a distribuição dos cargos de topo. 

Também Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, mostrou a sua oposição à forma como este processo negocial decorreu, apenas com a presença de das três famílias políticas com funções governativas, nomeadamente o Partido Popular Europeu, os socialistas europeus e o grupo dos liberais.
 

Colocar água na fervura

À chegada da cimeira europeia, Orbán classificou o acordo de “vergonhoso” e feito “numa base partidária”. 

Ainda assim, houve quem tentasse afastar os piores cenários. Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, realçou que “todos os 27 [membros]são igualmente importantes”, alertando para a necessidade de encontrar uma “sugestão inteligente” que “possa contar com uma maioria no Parlamento. 

Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia, atirou que o desentendimento entre os líderes “é um mal-entendido”, reconhecendo, contudo, a necessidade de “plataformas políticas específicas para facilitar o processo”. 

Já Luís Montenegro mostrou-se novamente confiante na nomeação do seu antecessor para a presidência do Conselho Europeu. O primeiro-ministro desvalorizou ainda as críticas feitas pela primeira-ministra italiana , considerando que os líderes vão “aproximar posições” com vista a uma “convergência”. 

Ainda durante a manhã, as famílias europeias dos democratas-cristãos, socialistas e liberais reuniram-se na capital da Bélgica. Pedro Nuno Santos enalteceu a capacidade de António Costa “construir pontes como muito poucos políticos europeus”. “Era aquilo que estávamos a precisar há muito tempo no Conselho Europeu”, acrescentou. 

Por sua vez, o  presidente do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu, Manfred Weber, mostrou-se confiante na eleição de Leyen e realçou que os democratas-cristãos apenas apoiarão nomes com conteúdos “claros” sobre o que toca à imigração ilegal, retoma económica e segurança na UE.

Abílio T. Ribeiro