Atriz brasileira foi mãe aos 56 anos, já depois de lhe ter sido dito que seria impossível por estar na menopausa. Em Portugal, Cláudia Raia conta a experiência e junta-se a vozes que querem quebrar o tabu: Júlia Pinheiro e Maria Inês Meneses.
Com dois filhos adultos, a atriz brasileira Cláudia Raia, já na menopausa, voltou a ser mãe aos 56 anos e a ser notícia um pouco por todo o mundo. Luca nasceu há pouco mais de um ano e o rosto de novelas brasileiras está agora em Portugal para falar desta fase da vida das mulheres e à boleia da qual vai estrear uma peça em Portugal, em janeiro: “Cenas da menopausa”.
Cláudia Raia, de 57 anos, revela que a maior aprendizagem que retirou desta fase foi a de se “autoinvestigar, descobrir”. “Foi conhecer o que sou de verdade, a minha essência, porque antes era um turbilhão de coisas, malabarista”, revelou na conferência "Não fica bem falar de… menopausa", que teve lugar esta quarta-feira diante de uma plateia cheia no Teatro Tivoli, em Lisboa.
Sobre o nascimento do filho já depois de ter entrado na menopausa, Raia não duvida de que Luca foi o seu melhor amigo. “Ele ajudou muito a menopausa a voltar ao estado normal, porque a gravidez não foi um estado normal. Foi o hiato. Como o Luca é muito leve, muito calminho, muito queridinho, muito feliz, então, ele ajudou-me também a fazer essa transformação, essa volta à menopausa de uma maneira muito suave”, afirmou a atriz ao JN no final da conferência.
"Uma revolução avassaladora"
Experiências bem distintas tiveram a apresentadora da SIC Júlia Pinheiro, de 61 anos, e a radialista Maria Inês Meneses, de 52. E se para a primeira foi um verdadeiro “afundanço”, como a própria descreve, para a segunda tem sido um caminho “tranquilo”, mesmo tendo-se cruzado com o diagnóstico de uma patologia autoimune: a doença de Graves e causa comum do hipertiroidismo.
“Comecei a menopausa aos 51 anos e os primeiros anos correram mais ou menos. Depois, sofri o que costumo designar afundanço, uma perturbação de sono terrível, deixei de dormir de um dia para o outro, uma revolução avassaladora a nível psicológico, um nevoeiro mental, perdas de memórias”, relata Júlia Pinheiro.
A apresentadora revela ainda que chegou a estar em direto nas tardes da SIC sem conseguir ler o que diziam as suas notas. Acusa os médicos de falta de acompanhamento numa fase em que também a libido saiu severamente comprometida.
Meneses fala, para já, numa fase “tranquila”. “Ainda tenho poucos sintomas. Sinto-me muito apaziguada. Quando recebi uma diagnóstico real (Graves) de que tenho um problema, acabou por ser positivo, desviou-me da menopausa. Fui aprender a nadar, fui pela primeira vez ao ginásio, sou feliz a viver, sinto que é uma fase maior da nossa vida”, contrapõe.
Testemunhos que mostram uma diversidade de vivências, mas que carregam conselhos. Cláudia Raia pede “cor” para que as mulheres saiam da invisibilidade a que a sociedade as quer votar a partir desta fase da vida. Júlia Pinheiro recomenda: “Apertem com os vossos médicos”. “Façam as perguntas todas, não se deixem despachar com uma resposta simples. O que estão a sentir é difícil de segurar sozinho”, acrescenta o rosto das tardes de Paço d'Arcos. Maria Inês Meneses, por sua vez, quer que o “tema seja trazido para a esfera pública”.