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General italiano que escreveu livro homofóbico e racista é despedido

Roberto Vannacci já liderou um corpo de paraquedistas de elite Wikimedia Commons

Um general italiano escreveu um livro homofóbico e racista que gerou polémica no país, sendo destituído esta sexta-feira do cargo de comandante do Instituto Geográfico Militar.

O general italiano Roberto Vannacci, de 54 anos, publicou um livro a 10 de agosto chamado "Mundo de cabeça para baixo". O ex-dirigente de um conhecido corpo de paraquedistas, que se considera "herdeiro de Júlio César", gerou polémica em Itália ao incluir textos homofóbicos e racistas na obra.

"Queridos homossexuais, vocês não são normais, aceitem", lê-se no livro, no qual denuncia "as discutíveis regras de inclusão e tolerância impostas pelas minorias" e ataca feministas, ambientalistas, negros e imigrantes. No livro, Vannacci chega mesmo a questionar a nacionalidade italiana da jogadora de voleibol Paola Enogu, apenas pelo facto de ser negra.

Na quinta-feira, o ministro da Defesa Guido Crosetto, que mantém uma relação próxima da primeira-ministra de extrema direita Giorgia Meloni, afirmou que "as divagações pessoais de um general" tinham desacreditado as forças armadas italianas e realçou que seria aberto um processo disciplinar.

O ministro, co-fundador do partido de direita Irmãos de Itália, condenou as "divagações" do general, que passou grande parte da carreira em Itália, Somália, Ruanda, Afeganistão e Líbia.

No canal de televisão italiano "Rete4", Vannacci defendeu-se, afirmando que não esperava uma "tempestade" tão grande por causa de um livro que apenas exprimia os seus pensamentos, "sem ofender ninguém".

Oficiais militares garantem que "Mundo de cabeça para baixo" foi publicado pelo próprio general, no início de agosto, na Amazon, sem o conhecimento do Exército. Apesar da indignação causada pelo livro, Vannacci ainda não manifestou arrependimento.

Alice Carqueja