Cultura

Sara Inês Gigante quer chegar a todos e coloca-se entre o popular e o erudito

“Popular”, de Sara Inês Gigante: para ver no dia 7 de junho, em Guimarães FOTO: DR

Novo trabalho da encenadora e atriz estreia no cartaz da 36.ª edição dos Festivais Gil Vicente, a 7 de junho, em Guimarães. Antes dela, há peças de novos valores a descobrir.

A estreia de “Popular”, peça de Sara Inês Gigante, vencedora da Bolsa Amélia Rey Colaço, no dia 7 de junho, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, é um dos pontos altos da programação dos Festivais Gil Vicente. 

Num evento que assume peso crescente na revelação de novos talentos, esta 36.ª edição, que vai de 6 a 15 de junho, tem uma “antecâmara” dedicada à apresentação de trabalhos de fim de curso de alunos da Licenciatura de Teatro da Universidade do Minho, a arrancar já no dia 2. 

Quem for ver “Popular” não deve ficar espantado se receber um balde de pipocas à entrada. É a vertente pop desta apresentação que pretende chegar a todos os públicos: dos que preferem as criações de João Baião, aos “que vão ver a ‘Flor de buriti’, do Salavisa”.

Usando uma linguagem metateatral, a atriz Sara Inês Gigante lança-se numa pesquisa com traços autobiográficos sobre a raiz do desejo de ser famosa, de agradar, de obter reconhecimento. E coloca a questão dos diferentes públicos e de como agradar a todos para ser famosa. 

“Não quero o vosso dinheiro, quero o vosso amor, o vosso tempo”, confessa. A certa altura, um alter ego mal humorado questiona a artista se o público sabe que ela nunca leu Dostoievski. “É uma reflexão sobre a síndrome do impostor, sobre a ideia de não correspondermos”, diz.

Novidade nos Festivais Gil Vicente é a semana dedicada à apresentação dos trabalhos de alunos de teatro da Universidade do Minho, no Teatro Jordão, entre 2 e 5 de junho.

“Não quisemos criar um equívoco, colocando criações que são ainda amadoras, no meio da programação”, esclarece Rui Torrinha, diretor artístico do festival coorganizado pela Oficina e pelo CAR.

Nesta senda da revelação surge “Vi Ayrton Senna morrer nos olhos do meu irmão”, de Bruno dos Reis. O título remete para “Câmara clara”, de Roland Barthes, e é uma reflexão sobre a violência da representação.

Rui Dias