Justiça

Angariados mais de 18 mil euros para viúva de piloto que morreu em queda de avião

Carlos Delgado era piloto de instrução e morreu na queda de uma aeronave Facebook

Uma campanha de angariação de fundos organizada na Internet arrecadou, em apenas três dias, mais de 18 mil euros para ajudar a família do instrutor de voo Carlos Delgado que morreu, há uma semana, após a queda de uma aeronave de instrução em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.

"Num gesto de solidariedade para com a família e os filhos" e "em memória do querido instrutor", dois alunos da escola de aviação Sevenair Academy criaram um financiamento coletivo online, "independente e com a melhor das intenções", que rapidamente mobilizou a comunidade aeronáutica e juntou, até esta sexta-feira de manhã, mais de 18 mil euros graças ao contributo de 528 doadores. A meta são 20 mil euros e deverá ser atingida em breve.

Carlos Delgado, de 36 anos, era casado e pai de dois filhos menores. Na sexta-feira passada, era um dos dois ocupantes da aeronave de instrução Reims Cessna F150J que caiu no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor. Acabou por falecer e foi, na quarta-feira, sepultado no cemitério da Nazaré. Já o aluno piloto, com cerca de 20 anos, que seguia consigo a bordo, sofreu ferimentos graves e teve de ser helitransportado para Lisboa.

"O seu compromisso inabalável com a excelência e a sua paixão pelos céus estabeleceram um padrão que nos inspirará para sempre e às muitas gerações futuras", reagiu nas redes sociais a escola de aviação onde o instrutor dava aulas.

Segundo uma nota informativa sobre o acidente divulgada na segunda-feira pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), pelas 15.45 horas de sexta-feira, "na linha de subida da pista 21 para o que seria o último circuito de treino, o motor da aeronave evidenciou problemas de funcionamento", tendo perdido o controlo e colidido "inicialmente com a ponta direita da asa no solo, imobilizando-se a poucos metros".

"A tripulação da aeronave acidentada manteve as comunicações bilaterais com os serviços de informação de tráfego do aeródromo e informação de voo em rota, sendo que durante todo o voo nada foi reportado sobre algum problema técnico ou limitação da tripulação ou aeronave. As evidências sugerem que o motor não estava a debitar potência no momento do impacto com o solo", esclareceu aquele organismo que investiga acidentes com aeronaves.

Diz o GPIAAF que a tripulação estava certificada para realizar o voo, que a aeronave estava autorizada a voar de acordo com os regulamentos em vigor e que a meteorologia local estava propícia à realização do voo.

Na nota, aquela autoridade adianta ainda que a investigação vai procurar identificar “os fatores causais e contributivos do acidente, com vista à eventual emissão de recomendações para prevenção e melhoria da segurança da aviação civil", como é habitual nestes casos, mas assegura que é "independente e distinta de quaisquer processos judiciais ou administrativos que visem apurar culpas ou imputar responsabilidades".

César Castro