Praça da Liberdade

O Dia dos Namorados e a violência no namoro

Fevereiro é marcado pelos festejos do Dia de S. Valentim ou Dia dos Namorados, associado aos feitos de S. Valentim, padre que no século III continuou a celebrar casamentos apesar da proibição do imperador Cláudio II e foi, por isso, condenado à morte. O comércio inunda-nos com flores, chocolates e presentes para a cara-metade. Restaurantes esgotados com reservas para jantares românticos. Uma data que todos fazem por que seja idílica. No entanto, sabemos que, no dia a dia, as relações interpessoais não são um “mar de rosas”. É impossível, sem a subjugação de um dos membros do casal, que não surjam divergências, conflitos, que têm de ser geridos. Se em adultos esta gestão é muitas vezes difícil, por exigir uma empatia, paciência, respeito e consideração mútuos que nem sempre existe, na adolescência torna-se mais complexo, na medida em que os jovens manifestam amiúde necessidade de imposição das suas convicções, incapacidade para ouvir e respeitar posições/opiniões diferentes e dificuldade em gerir frustrações.

Dia 14 as autoridades policiais divulgaram que em 2023 foram apresentadas 2860 queixas por violência no namoro, o número mais elevado dos últimos cinco anos. No inquérito realizado pela UMAR, quase 2500 dos 4000 participantes assumiram ter sofrido deste tipo de violência. No estudo realizado por esta entidade em 2023, 67,5% dos participantes não consideravam violência no namoro: controlo, violência física, psicológica ou sexual, perseguição e violência através das redes sociais. A nível político, tem existido sensibilidade para combater esta realidade. No entanto, assiste-se a uma crescente presença de ideologias políticas que nos fazem recordar a salazarista: “Deus, pátria e família”, em que, no seio familiar, o homem era o chefe, cabendo à mulher o papel de mãe e dona de casa subjugada, supervisionada por aquele. Ideologias estas que, infelizmente, se enraízam na mente e discurso dos jovens, como comprovam os números referidos.

Lute-se para impedir tamanho retrocesso! Continue-se a investir na educação dos jovens!

Carla Fraga