O empresário Fernando Valente, principal suspeito pelo desaparecimento da grávida da Murtosa, Mónica Silva, continuará em prisão domiciliária, determinou, já esta semana, a juíza de instrução criminal da Comarca de Aveiro. A medida foi justificada por um "substancial adensamento da prova incriminatória".
Fernando Manuel Tavares Valente, de 39 anos, divorciado, empresário, “continua fortemente indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, de aborto agravado e de profanação de cadáver, como apurou o JN junto de fontes ligadas ao processo”.
Para a magistrada judicial, seguindo a perspetiva do Ministério Público, não só se mantêm fortes indícios como, “atentos os últimos desenvolvimentos há um substancial adensamento da prova incriminatória em relação ao arguido”.
A juíza de instrução criminal de Aveiro constata “a inexistência de qualquer dado que aponte para uma alteração dos pressupostos de facto das medidas de coação", de tal forma que achou "até desnecessário conferir o contraditório ao arguido”.
Há uma semana, a solicitação do MP, a mesma juíza decretou a especial complexidade para o processo, o que prolongou o prazo limite para haver acusação de seis para 12 meses, mesmo continuando Fernando Valente privado da liberdade.
A investigação da PJ aguarda ainda pelos resultados laboratoriais de algumas recolhas de vestígios, bem como a comunicação de todas as conversações de Mónica Silva, através do Facebook e do Instagram, não só, mas também, com Fernando Valente.
A listagem integral das mensagens escritas, incluindo sms do telemóvel de Mónica Silva, bem como o seu conteúdo, com a devida certificação, estarão dependentes da operadora de telecomunicações, mas principalmente do Facebook e do Instagram.
Ambas as plataformas digitais, sediadas na Califórnia, Estados Unidos da América, ainda não terão enviado por carta rogatória todas as solicitações feitas pela Procuradoria-Geral da República acerca do teor das comunicações em que interveio Mónica Silva.
Preso desde novembro
Detido pela Polícia Judiciária de Aveiro, em 15 de novembro de 2023, Fernando Valente ficou em prisão preventiva, na cadeia de Aveiro, em 18 de novembro de 2023, até que, a 21 de dezembro de 2023, passou para prisão domiciliária com pulseira eletrónica.
Fernando Valente, que antes de ter sido detido negou sempre publicamente qualquer envolvimento no desaparecimento da sua amante, Mónica Silva, de 33 anos, então grávida de sete meses, está num seu apartamento, em Pedroso, Gaia.
Mónica Alexandra de Oliveira e Silva, que se encontrava em processo de separação judicial, deixou de ser vista na noite de 3 de outubro de 2023, quando disse aos dois filhos, de 14 e 11 anos, que iria tomar um café nas proximidades, mas não demoraria.
Na sequência das denúncias pelos mais diretos familiares de Mónica Silva, no dia 15 de novembro de 2023 a Polícia Judiciária de Aveiro deteve Fernando Valente, o principal suspeito de desaparecimento da grávida e até agora o único arguido conhecido.
Entretanto, Sara Silva, irmã gémea de desaparecida, Mónica Silva, tem vindo a ser inquirida no Ministério Público de Estarreja, para validar junto da procuradora da República titular do processo as declarações que já prestou à Polícia Judiciária de Aveiro.
Página de apoio no Facebook
Na página de Facebook de apoio a Fernando Valente tem-se pugnado pela libertação do empresário que, como Mónica Silva, é natural do concelho da Murtosa, onde residia com os pais na localidade de Bestida, da freguesia do Bunheiro, antes de detido.
Carlos Brandão, o criador e administrador da página de Facebook “Vamos apoiar Fernando Valente”, pediu, esta terça-feira, liberdade para Fernando Valente”. "Meu grande mano, estamos todos contigo”.
Segundo a Comarca de Aveiro, “mantém-se a medida de obrigação de permanência na habitação, com fiscalização por meios eletrónicos, por continuar a ser viável um controlo minimamente eficaz da prevenção da perturbação do decurso do inquérito, do perigo de fuga e de perturbação da ordem e da tranquilidade públicas, mediante o recurso a medida de coação menos grave”.
Como em 14 de fevereiro de 2024, aquando da primeira revisão dos pressupostos das medidas de coação de Fernando Valente, a juíza de instrução criminal de Aveiro considerou continuar a justificar-se a obrigação de permanência na habitação, mediante fiscalização com recurso a meios técnicos de controlo à distância, pelo que o empresário continuará ainda privado da liberdade.