Cerca de 400 alunos desfavorecidos do Agrupamento de Escolas dos Marrazes vão poder tratar as cáries em sete clínicas dentárias da freguesia, aderentes ao projeto-piloto Leiria a Sorrir. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira por Ana Valentim, vereadora do Desenvolvimento Social da Câmara de Leiria.
As consultas, com um valor mais reduzido, serão financiadas pelo Fundo de Emergência Social da autarquia. O montante estipulado para consultas e tratamentos foi de 50 euros por estudante. "Queremos complementar esta resposta com o cheque-dentista, ao associar a área social à área da saúde", explicou Ana Valentim.
"Vamos começar este ano e, se tivermos bons resultados, alargar a outras escolas", prometeu a autarca. A intenção é ainda que as crianças, os jovens e os familiares aprendam a prevenir o aparecimento de cáries, com o apoio dos médicos dentistas. "Esperemos que esta rede seja alargada a mais clínicas."
Responsabilidade social
Susana Germano, médica dentista da Smile Plus, explicou ao JN que se associou ao Leiria a Sorrir por ser uma "iniciativa de cariz social, destinado a ajudar as crianças mais necessitadas e com mais carências na área da saúde oral".
"Achei esta ideia fantástica", reagiu João Pedro Almeida, médico dentista da CMI - Clínica Médica de Implantologia, quando foi convidado a integrar o projeto-piloto, a que aderiu por encarar como uma "responsabilidade social" em relação à população carenciada.
"Não queremos que, por questões financeiras, as crianças e os jovens vejam a sua saúde prejudicada, com tudo o que isso significa em termos de relacionamento social e escolar", afirmou Gonçalo Lopes, presidente do município. "A tendência será para reforçar a nossa atuação na área da saúde, para se fazer justiça social."
Replicar o projeto
Presente na cerimónia, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, revelou que "em 2023, três em cada dez portugueses não tiveram acesso a uma consulta dentária, por uma questão de fragilidade económica, por acharem que não é importante ou por entenderem não ter necessidade".
"Este é um projeto assistencialista, de alteração dos comportamentos e de melhoria da literacia, que pode mudar muito a sociedade", afirmou Miguel Pavão. "Há uma questão médica, mas também social, de integração na sociedade e de melhoria do aproveitamento escolar", assegurou. Tem, por isso, a expectativa de que o Leiria a Sorrir possa "contaminar positivamente" outras autarquias.