O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) aprovado esta segunda-feira prevê um reforço de elementos no terreno, mas menos dois aviões Canadair do que em 2023. Bombeiros conseguiram aprovar mais operacionais.
O combate aos incêndios florestais terá, este ano, um reforço de elementos no terreno, mas menos duas aeronaves do que em 2023. A Diretiva Operacional Nacional (DON) que estabelece o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) foi aprovada esta segunda-feira, em reunião da Comissão Nacional de Proteção Civil, dois dias antes do arranque do plano.
A primeira fase do dispositivo arranca já esta quarta-feira com 11307 elementos e 2565 viaturas, mais 907 operacionais e 266 veículos do que no ano passado. Por outro lado, o nível “Bravo”, que se prolonga até ao final do mês de maio, contará com 32 meios aéreos, menos dois do que no ano passado. De acordo com o documento, aprovado hoje e ao que o JN teve acesso, este será o período com o maior reforço de meios terrestres. Todas as fases terão menos dois aviões Canadair.
Durante o mês de junho, na chamada “fase Charlie”, o país vai contar com 12110 elementos, mais 349 do que em 2023, e 2762 viaturas, mais 177. O período mais crítico de combate aos fogos será, naturalmente, o que terá mais meios terrestres e aéreos ao dispor. Entre o início de julho e o final de setembro haverá mais 278 operacionais e 179 veículos do que no ano passado, num total de 14169 e 3169, respetivamente. Das diferentes entidades que compõem o dispositivo, entre as quais estão a GNR, a PSP, a Força Especial de Proteção Civil (FEPC), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a empresa de proteção florestal Afocelca, os bombeiros representam a maior fatia.
Mais bombeiros do que em 2023: "Foi reposta uma verdade"
Em 2024, a “fase Delta” terá 8061 bombeiros, o que representa um aumento de 4% em relação a 2023. A proposta partiu da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), por considerar que “as diretivas anteriores não estavam adequadas à realidade da intervenção dos bombeiros no combate aos incêndios”. Ao JN, o António Nunes reconheceu que o plano “cria mais responsabilidade”, mas garantiu que “foi reposta uma verdade”. “Conseguimos demonstrar que o nosso empenhamento no combate aos incêndios florestais era superior àquilo que estava previsto”, afirmou o presidente da LBP.
O dirigente lembrou que há 28 mil bombeiros "que todos os dias estão disponíveis para o país, seja qual for o risco, a vulnerabilidade ou a ocorrência" e que, por isso, "não faz sentido que para os fogos florestais não seja tomada a mesma posição".
No que diz respeito aos meios aéreos, entre julho e setembro estão previstas 70 aeronaves. Tal como em todas as fases, houve uma redução de dois aviões em relação ao dispositivo do ano anterior. Em 2023, devido à falta de aeronaves no mercado por causa da guerra da Ucrânia, a Força Aérea Portuguesa teve dificuldades em contratar os meios.
A primeira fase do DECIR arranca a 15 de maio, dois dias depois da aprovação da diretiva. António Nunes considerou “inconcebível” o facto de a reunião só ter acontecido ontem e defendeu que o anterior Governo poderia ter aprovado uma diretiva condicionada. “Só na véspera ou no próprio dia que arranca o dispositivo é que as associações vão ter conhecimento da diretiva. Está errado".
No entanto, o presidente da LBP não atribui responsabilidades ao Governo. "Se há alguma responsabilidade que possa existir é da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil".