No passado fim de semana tivemos a parte II da Rua do Benformoso: manifestações com pessoas que se sentiram indignadas por, discriminadamente, imigrantes terem sido encostados à parede, sem motivo aparente, numa rusga policial; e outros que pensam que aquilo é muito bem-feito.
Relembrando: depois de um outono quente devido à morte, ainda sem explicação e com dados contraditórios, de Odair Moniz, onde se sentiu uma polarização entre “polícia vs. antipolícia”, com erros de todos os lados a começar pela própria polícia e o Governo que deveriam ter tido outro tipo de atuação, terminamos o ano com uma rusga megamediática, que se traduziu na apreensão de 4600 euros e artigos de contrafação, uma faca e drogas leves.
Certamente numa dessas feiras de maiores dimensões que se visitam durante as campanhas eleitorais, há mais dinheiro injustificado, armas e droga do que ali.
No sábado, tivemos uma marcha pelos direitos do Homem. Com excessos? Sim. Cartazes e palavras. Com parte da Esquerda que não ergue a voz contra crimes e o patriarcado islamita e cigano? Sim. Mas os valores basilares daquela marcha, liberdade, igualdade de oportunidades, respeito, são os corretos. A Igreja disse-o.
Tenho pena que o meu partido não tenha estado presente. Tenho ainda mais pena que Luís Montenegro tenha preferido um discurso de distanciamento e chamado radicais a quem estava na “não nos encostem à parede”.
O clima de insegurança que estamos a viver há meses é a teoria da agulha hipodérmica. Sente-se inseguro? Ou sente porque a Comunicação Social, os líderes de opinião e as redes sociais lhe dizem isso que está inseguro?
O Chega, do ponto de vista político, lucra com isto. E é por isso que o PSD está amordaçado e tão anti-Sá Carneiro e a moral social da Igreja: porque pensa que desta forma consegue ir buscar votos à extrema-direita. É governar para as eleições.
Também dá jeito às empresas e aos governantes que querem colocar um sistema de CCTV e transformar as nossas cidades num autêntico “Big Brother”, em nome de uma suposta segurança. Eu não me sinto minimamente seguro a ser filmado o dia todo, a controlarem-me todos os movimentos.
Não foi para isto que se extinguiu a PIDE. Entramos numa espiral cíclica e é preciso alguém que coloque ordem no país, sendo aqui que deverá atuar Marcelo Rebelo de Sousa.