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Barcaça para 500 requerentes de asilo no Reino Unido foi abandonada

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer Foto: Tolga Akmen / EPA

Uma barcaça colocada na costa sudoeste de Inglaterra por ordem do antigo Governo conservador britânico para alojar migrantes foi esvaziada e abandonada, na sequência de uma promessa do executivo trabalhista que a classificou como "prisão flutuante".

A enorme barcaça Bibby Stockholm não tinha motor e estava atracada no porto de Portland desde agosto de 2023, onde servia para albergar até 500 migrantes.

Denunciada pelos seus opositores como uma "prisão flutuante", a estrutura fazia parte das controversas medidas implementadas pelo Governo conservador, no poder até julho, para gerir o afluxo de requerentes de asilo e desencorajar a imigração ilegal para o país.

Um requerente de asilo albanês morreu ali em dezembro passado, com algumas associações a sugerirem que se tratou de suicídio.

O Governo trabalhista anunciou em julho que não iria renovar o contrato de utilização da barcaça, que expira em janeiro, pelo que agora se irá iniciar a operação de devolução da estrutura à empresa proprietária, a Bibby Marine.

A manutenção em 2025 da barcaça para albergar migrantes teria custado, segundo o Governo, o equivalente a 24 milhões de euros.

O navio, que foi construído em 1974 e tem pavilhão dos Barbados, começou a ser usado para acolher migrantes em 2023.

O Governo britânico da altura explicou que utilizar a Bibby Stockholm para albergar requerentes de asilo "constituía uma melhor relação custo-benefício para os contribuintes do que os hotéis", a quem eram pagas diariamente cerca de 6,5 milhões de euros para instalar os migrantes.

A barcaça, que tem três andares e contém serviços de saúde, salas de alimentação, ginásio, locais de orações de várias religiões e segurança 24 horas por dia, foi instalada no porto de Portland em Dorset, onde deveria permanecer durante 18 meses com 506 requerentes de asilo a aguardar o resultado das decisões do Ministério do Interior sobre os seus pedidos.

No entanto, a sua existência foi sempre contestada por organizações de defesa dos direitos humanos e pelas autoridades locais.

O Conselho administrativo de Dorset interpôs várias ações legais para impedir a colocação da barcaça no local e em julho do ano passado, mais de 50 organizações não-governamentais e ativistas enviaram uma carta aberta ao proprietário mencionando as ligações do fundador da empresa ao comércio de escravos e exigindo o fim da prática de manter requerentes de asilo em navios.

Nesse mesmo mês, o jornal britânico "Financial Times" denunciou que a barcaça não tinha saídas de emergência e o Guardian divulgou a existência de sobrelotação constante e falta de coletes salva-vidas a bordo.

"Os últimos residentes já deixaram a barcaça", avançou hoje o Conselho de Dorset, adiantando que os requerentes de asilo que ali se encontravam foram encaminhados para outros locais de alojamento.

JN/Agências