Porto

Ofensas a ucranianos no Porto seguiram para o Ministério Público

Pavlo Sadokha, líder de associação ucraniana, lamentou o sucedido Foto: DR

As ofensas dirigidas a ucranianos ocorreram em maio, durante uma exposição na Trindade, no Porto, tendo o gabinete da ministra da Administração Interna, após pergunta do BE, dado conta que o caso seguiu para o Ministério Público e que as imagens de videovigilância foram guardadas para tentar identificar suspeitas.

No dia 16 de maio, no decurso de uma exposição sobre a Ucrânia, que teve lugar junto à estação de metro da Trindade, no Porto, a Associação dos Ucranianos em Portugal (ACP) denunciou atos de vandalismo, assim como insultos xenófobos dirigidos a organizadores e participantes.

O Bloco de Esquerda (BE) tomou a iniciativa de inquirir o Ministério da Administração Interna sobre o sucedido, tendo a resposta chegado agora, com o Governo a adiantar que o caso foi "remetido para o Ministério Público" e que foram guardadas as "imagens de videovigilância para tentar identificar as suspeitas". Em causa estará um grupo de quatro mulheres.

Os promotores da exposição queixaram-se de insultos, do tipo "não queremos cá imigrantes", de danos provocados em lonas e até de uma agressão.

"Informa-se que a PSP foi acionada para o local da ocorrência, tendo posteriormente elaborado o respetivo Auto de Notícia, que foi remetido ao Ministério Público", refere o gabinete da ministra da Administração Interna.

Assinala-se que, na altura, pela "informação disponibilizada à central de comunicações do Comando Metropolitano, via 112, a situação de agressões já teria ocorrido" e que "foi percecionado não existir uma emergência imediata". É adiantado que "a PSP identificou os ofendidos e testemunhas da ocorrência, tendo elaborado o respetivo Auto de Notícia, que foi remetido ao Ministério Público".

Acrescenta-se que "foram feitas as diligências urgentes possíveis, nomeadamente a preservação de imagens de videovigilância para tentativa de identificação das suspeitas".

"Releva que a concentração/exposição que estava a decorrer foi comunicada à empresa Metro do Porto, mas não terá sido comunicada à Câmara do Porto, não tendo a iniciativa chegado ao conhecimento prévio da PSP. Por este motivo, a Polícia não se encontrava a acompanhar o evento".

"Labirinto da Liberdade"

A ação na Trindade, intitulada "Labirinto da Liberdade", foi vista não só no Porto, mas noutras cidades da União Europeia. Envolveu também uma organização ucraniana da Áustria.

Pavlo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal (ACP), mostrou-se triste. "São provocadores", afirmou, estranhando, ciente que os portugueses são acolhedores.

O evento decorreu na mesma data (dia 16 de maio) em Lisboa, no Largo de Camões. Na capital, segundo Sadokha, tudo aconteceu sem incidentes.

Miguel Amorim