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Conta de Youtube do Grupo 1143 suspensa por incitar à violência

O Grupo 1143 utilizou o Telegram para se alastrar a todo o país Foto: André Rolo

A conta de Youtube do Grupo 1143, liderado pelo neonazi Mário Machado, foi suspensa pela rede social depois de ter sido contactada pelo jornal "The New York Times", relativamente aos apelos à violência online.

Segundo avança o jornal norte-americano, o Youtube foi contactado para a realização de um artigo sobre a forma como o ódio espalhado na internet estimula a violência na vida real. No seguimento das questões, acabou por suspender a atividade do Grupo 1143, alegando que "qualquer conteúdo que promova a violência ou encoraje o ódio às pessoas com base em atributos como etnia ou estatuto de imigração não é permitido" na plataforma.

O líder da organização extremista, Mário Machado, já reagiu à suspensão através da sua conta na rede social X, "Racismo Contra Euopeus":

O jornal indica que também contactou os representantes da Meta, X e TikTok, mas que estes não responderam. Apenas um porta-voz do Telegram realçou que "os apelos à violência são explicitamente proibidos" pela aplicação.

Ao que o JN apurou, as várias contas de Telegram do grupo de extrema-direita permanecem ativas. O 1143 utilizou esta rede social para se alastrar a todo o país, de forma a organizar e disseminar propaganda falsa e ódio racial.

Tal com o JN noticiou esta segunda-feira, em apenas alguns meses, o Grupo 1143 fundou mais de 20 grupos regionais, de norte a sul do país, que espalham “notícias” falsas em segundos, ameaçam imigrantes na rua e dizem-se prontos para criar um exército paramilitar.

Para além de insultar pessoas de diferentes etnias, imigrantes e mulheres, bem como difundir notícias falsas e incitar à violência, o grupo também promove ações de rua. Dois exemplos recentes foram as manifestações no Porto e em Lisboa, que levaram à abertura de um inquérito por parte do Ministério Público, por suspeitas de incitamento ao ódio e à violência.

Em fevereiro deste ano, um grupo de dezenas de pessoas anti-imigração protestou no Largo do Camões em Lisboa. O porta-voz, Mário Machado, acusou os "ocupantes do Martim Moniz" de roubarem os empregos e as casas aos portugueses.

Dois meses depois, em abril, o coletivo ultranacionalista manifestou-se nas ruas do Porto, também por "Menos imigração, Mais habitação".

O militante neonazi foi ainda condenado a dois anos e dez meses de prisão efetiva em maio por ter, em 2022, apelado no X à "prostituição forçada" de mulheres de partidos de Esquerda.

Alice Carqueja