O distrito do Porto não pode continuar a desperdiçar talento. O distrito do Porto não pode continuar a aceitar que os jovens não encontrem aqui espaço para viver, trabalhar e realizar-se.
Este discurso não é original. Sabemos que quase todos os municípios do distrito estão a perder população e a perder jovens. Os diagnósticos, por si só, não resolvem problemas. Precisamos de ação, precisamos de ambição, precisamos de nos mobilizar coletivamente.
Os jovens precisam de duas coisas: emprego adequado às suas qualificações, justamente remunerado, e habitação acessível e de qualidade, articulada com uma rede de transporte público muito mais eficiente.
O primeiro desígnio atinge-se com uma abordagem intensiva na atração de investimento, com o desenvolvimento das empresas já existentes e com novas empresas, em setores tradicionais ou emergentes, com uma aposta firme na reindustrialização, na ligação universidade-empresas, na orientação do ecossistema de I&D de que já dispomos para o reforço da inovação, da competitividade e da criação de riqueza.
O segundo desígnio implica uma abordagem robusta ao problema da habitação. A criação de um parque público de habitação dimensionado para as necessidades existentes, exigindo-se ao Governo mais apoio aos municípios, mais ação e ambição na concretização dos planos já em curso. E de sermos dos primeiros a captar os investimentos que a política europeia para a habitação, que passou a ter um comissário europeu próprio, irá liberar.
Os jovens não podem continuar a ser vítimas de desigualdades geracionais, que se agravam no distrito do Porto com as brutais assimetrias sociais e regionais existentes, de que é exemplo gritante a região do Tâmega e Sousa. Medidas generalistas como o IRS jovem ou o IMT jovem têm de ser adaptadas de acordo com as realidades locais e regionais. Esse seria o papel de uma regionalização ao serviço das pessoas, transformando o presente num futuro melhor.
Não posso deixar de criticar este Governo pela sua recusa de avançar com a regionalização. O país não pode ser gerido a régua e esquadro a partir de Lisboa. O respeito pelas especificidades regionais e locais é a base da coesão de que necessitamos.