Mirandela

Mirandela prepara a noite mais longa do ano com milhares a tocar bombo

Mais de duas mil pessoas vão tocar bombo pelas ruas da cidade Fernando Pires / Jornal de Notícias

A festa de Mirandela em honra da Nossa Senhora do Amparo, que arrancou a 25 de julho, está a chegar ao fim de semana final e na próxima madrugada esperam-se mais de duas mil pessoas a tocar bombo pelas principais ruas da cidade, apinhadas de gente numa folia que contagia e que não deixa ninguém indiferente.

Os mirandelenses chamam-lhe mesmo a noite mais longa do ano. "É certamente o dia do ano em que a gente de Mirandela vai para a cama mais tarde, porque é um dia de pura diversão e de convívio com os que moram cá e aqueles que estão fora, em Portugal e no estrangeiro. Alguns só os vemos nessa noite e depois só voltamos a encontrá-los no ano seguinte", conta Manuel Silva, um mirandelense para quem a noite dos bombos é sagrada, há mais de 40 anos.

Para a presidente do município, Júlia Rodrigues, não restam dúvidas de que esta tradição, que começou há mais de seis décadas, "é uma imagem de marca que seduz milhares de pessoas e os bombos de Mirandela estão imortalizados".

Rui Barreira, da Associação dos Bombos de Mirandela (ABOMIR), que organiza o evento, conta que a festa "já atingiu proporções impensáveis". "Na altura eram meia dúzia, mas agora as pessoas vêm de todo o lado tocar bombo e é difícil encontrar alguém em Mirandela que não tenha um bombo em casa", partilha.

"Agora até já há famílias inteiras a integrar o desfile e grupos de amigos que usam fardas personalizadas”, diz Mário Esteves, outro fundador desta tradição e o "maestro" da famosa noite dos bombos. "Fui regente da banda de Mirandela e sempre tive jeito para isto e eles precisavam de quem os comandasse", conta.

Por volta da uma da manhã, os "tocadores de bombo" vão concentrar-se no santuário da Nossa Senhora do Amparo. Têm à sua espera centenas de litros de sangria, vinho, barris de cerveja, potes de rancho, sardinhas, alheiras e outros produtos regionais.

Por volta das duas da manhã, e já com milhares nas ruas para assistir ao desfile, os tocadores vão percorrer as principais artérias da cidade durante horas. Aos primeiros raios de sol, os mais resistentes ainda fazem barulho.

Fernando Pires