Justiça

Pedro Nuno Santos almoçou no Martim Moniz: "Sinto-me envergonhado enquanto político e revoltado"

As declarações do primeiro-ministro "corroboram que há instrumentalização das forças de segurança", disse o secretário-geral do PS Foto: Rodrigo Antunes/Lusa

O secretário-geral do PS almoçou, esta sexta-feira, no Martim Moniz, em Lisboa, acompanhado pelo presidente da junta de Santa Maria Maior, voltando a criticar a operação policial que foi levada a cabo na quinta-feira naquele local.

Este almoço não foi divulgado à comunicação social, mas fonte oficial do PS confirmou à agência Lusa que este aconteceu no Martim Moniz, estando Pedro Nuno Santos acompanhado pelo presidente da junta de freguesia de Santa Maria Maior, o socialista Miguel Coelho, e o líder da comunidade do Bangladesh.

À saída, em declarações aos jornalistas que estavam no local, Pedro Nuno Santos disse acreditar que a segurança é "um tema que preocupa os portugueses", mas que tem de ser resolvido "com seriedade", questionando a legalidade desta intervenção da PSP. Esta manhã, no Parlamento, o líder do PS teceu duras críticas ao Governo e à direção nacional da PSP por esta operação policial.

Pedro Nuno Santos manifestou-se "envergonhado e revoltado" com o executivo de Montenegro e a direção da PSP pela operação policial no Martim Moniz, considerando que este é o "Governo mais extremista" das últimas décadas da democracia portuguesa. "Sinto-me triste, envergonhado enquanto político e revoltado com o Governo do nosso país, mas também com a direção nacional da PSP", afirmou.

"Há um limite que foi ultrapassado"

O líder do PS não hesitou e disse: "temos neste momento em Portugal o Governo mais extremista que nós tivemos nas últimas décadas da nossa democracia".

Para Pedro Nuno Santos, é preciso que Governo e PSP expliquem os fundamentos desta ação, sobre a qual há "fundadas razões" para haver dúvidas sobre a sua legalidade. "Há um limite que foi ultrapassado", sintetizou, considerando que as declarações do primeiro-ministro "corroboram que há instrumentalização das forças de segurança".

Uma operação policial na quinta-feira, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.

JN/Agências