Praça da Liberdade

Floresta e incêndios, em novembro

No próximo verão, haverá incêndios. Isso é aceitável. O que se pede é que, no próximo como nos seguintes, não sejam tão intensos e extensos como foram este ano. Todavia, o que se está a fazer para evitá-lo?

Olhemos para trás para pensar o futuro. Antes da criação dos serviços florestais, no século XIX, Portugal era um país cuja floresta de carvalhos, sobreiros e azinheiras tinha sido fortemente reduzida pela construção naval e pelo uso da madeira na construção civil e em travessas no caminho de ferro.
Resolveu-se aumentar a floresta e optou-se pelo pinheiro-bravo e, a partir de 1920, pelo eucalipto. Hoje, encontramo-nos entre a metade dos países mais florestados do mundo e somos o país europeu com maior área de eucalipto, a qual constituía 28% da floresta nacional em 2018.

Infelizmente, a floresta, sendo privada – o Estado é proprietário de apenas 2% –, muitas vezes não é gerida: uma parte importante é deixada ao abandono e os eucaliptos regeneram após cada incêndio, crescendo, finos, em alta densidade, à espera do incêndio seguinte, que chega quatro ou cinco anos depois.

Entre programas, planos e discursos, o Governo bem que podia pagar aos proprietários para, pelo menos nos terrenos ardidos, arrancar a toiça dos eucaliptos e replantar espécies autóctones e mais resistentes ao fogo. Seria, certamente, um investimento melhor do que em publicidade que, em pleno novembro, pela rádio pública, nos pede para termos cuidado com queimadas!

José A. Rio Fernandes