Os últimos dias provam que estamos menos seguros no espaço digital. Não se trata de uma questão de perceção. Tais como as famosas terras raras ucranianas, essenciais para a produção de tecnologia de ponta e que tanta ganância agora despertam, os nossos dados pessoais tornaram-se numa arma.
A preocupação chegou a Portugal. Tarde, como é costume. A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) iniciou uma investigação à atividade da tecnológica chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek. Mas só após uma queixa da DECO. A associação de defesa do consumidor avisou a CNPD que os dados pessoais dos portugueses estão a ser armazenados em servidores chineses, “sem mencionar salvaguardas adequadas”. Além de outros alertas, a DECO recorda que as empresas são obrigadas a fornecer às autoridades de Pequim o acesso a informações pessoais e que não se conhece o destino desses dados. Foi esta mesma preocupação que fez com que os Países Baixos, Itália e Coreia do Sul vedassem o recurso à ferramenta, enquanto outros países da Europa, Ásia, América e Oceânia decidiram bloquear o uso da DeepSeek nos seus organismos governamentais.
A desconfiança cai também sobre a Rússia. Ontem, a Google alertou para ameaças na aplicação Signal, curiosamente a ferramenta recomendada pelo Parlamento Europeu aos seus funcionários para conversações seguras. Usada sobretudo por políticos, jornalistas, polícias e militares, a Google alerta que os serviços de inteligência de Moscovo comprometem a segurança da aplicação e estendem a preocupação ao WhatsApp e Telegram.
Os nossos dados pessoais estão no campo de batalha. Se a China impõe o seu modelo de vigilância e a Rússia é acusada de espionagem e desinformação, os EUA também não ficam atrás, com gigantes tecnológicas em mãos pouco confiáveis.