Cultura

Política e poesia na lente de dez mulheres

Fotógrafa e investigadora Fátima Roque abre o ciclo “Fotógrafas experimentais” com trabalhos de 2010. Foto: Fátima Roque

Capital Portuguesa de Cultura Braga 2025 inaugura ciclo de exposições sobre fotografia experimental feminina. O primeiro bloco já está patente na padaria Amor & Farinha.

Durante o curso de 2025, a padaria artesanal Amor & Farinha, no n.º 7 da Praceta André Soares, em Braga, acolhe arte não apenas na culinária, mas também fotografias que passarão a estar aí patentes. “Fotógrafas experimentais” é um ciclo de exposições, com curadoria de Guilherme Maranhão, que preencherá a única parede livre do singular espaço.

Numa série de exposições em dez etapas, que se renovam mês a mês, o projeto dinamizado pelo coletivo Tiro Liro Lab “celebra a fotografia como campo de experimentação e resistência criativa”, dando a conhecer mulheres fotógrafas que se destacam na área experimental.

Desconhecidas do grande público, são artistas – algumas investigadoras – com relevante trabalho em técnicas pré-industriais ou de reutilização de tecnologia moderna.

Até 10 de março está patente o primeiro bloco: uma seleção de obras de 2010 de Fátima Roque, fotógrafa e investigadora que abre a visão sobre a sua terra usando uma máquina analógica e reaproveitando sobras de película – a técnica é percetível nos defeitos assumidos, com manchas de luz, riscos ou sobreposições.

Fotografando objetos e paisagens do seu quotidiano, como um barco na margem ou a vida citadina, depreende-se que estes momentos são, como a própria técnica fotográfica, preenchidos com imperfeições, mas sem perder a beleza.

Em comum, todos os ciclos terão a “abordagem única de cada artista, explorando a fotografia como gesto político e poético”, lê-se na sinopse do projeto. Associado a cada ciclo mensal, há ainda uma conversa e uma oficina gratuita de diferentes técnicas fotográficas.

A mostra acontece em pequeno formato, com um número reduzido de fotos expostas em cada uma das sessões, mas a vivência que decorre deste projeto é uma das marcas da Capital Portuguesa da Cultura Braga 2025, onde até numa padaria em zona habitacional poderemos confrontar-nos com a arte.

Sara Sofia Gonçalves