Segundo disco póstumo de Mac Miller, “Balloonerism”, fala de drogas e morte.
Ouvir “Balloonerism” em 2014, quando foi criado, ou ouvi-lo hoje, lançado oficialmente onze anos depois (oito após a morte do artista) seriam experiências distintas. O nebuloso, profundo e (quase) negro álbum não passaria de mais um reflexo do que Mac Miller vivia então: fala de drogas e questiona permanente a morte. O tempo e a sua realidade fizeram de “Baloonerism” mais do que um desabafo. Foi premonitório: quatro anos depois de o criar, Mac Miller morreu, aos 26 anos, vítima de overdose.
Por todo o contexto, o lançamento oficial, na semana passada, de “Baloonerism”, segundo álbum póstumo do rapper, traz-nos um disco ainda mais pesado. “Se morrer jovem, promete sorrir no meu funeral”, pede na faixa “Shangri-La”. A morte do músico deixou vários projetos inacabados e “Balloonerism” era um dos mais conhecidos e falados. Várias músicas e propostas de listas foram sendo publicadas ao longo dos anos na internet de forma “obscura”. Agora, em comunicado, a família de Mac Miller diz querer honrar o seu legado, com a versão oficial do tão especulado disco.
Musicalmente, não surpreende. Quando comparado com as criações lançadas na mesma época, não há reinvenções. Soa próximo de “Watching Movies with the Sound Off” (2013) e “Faces” (2014). É também predecessor, com “Funny Papers”, por exemplo, a parecer experimentação para “2009”, faixa de “Swimming” (2018). Há ainda a onda funk de “Stoned” ou “Friendly Hallucinations”, que se aproximam de “The Divine Feminine” (2016).
“Balloonerism” é, em resumo, a essência de Mac Miller no que toca à sua inspiração no jazz e soul misturados com um som e ambiente psicadélicos. Nele podemos, uma vez mais, ouvir a inconfundível voz de Miller, num álbum que, mesmo sem um fio condutor, é imperdível do início ao fim.
Mac Miller
“Balloonerism”
2025