Cultura

Vamos fazer de Amorim um clássico?

"A tecedeira que lia Zola" vai ser remontada oito anos depois Foto: José Caldeira

Teatro Experimental do Porto remonta “A tecedeira que lia Zola” oito anos depois.

Em 2017, Gonçalo Amorim, diretor do Teatro Experimental do Porto, parte à aventura de uma Triologia da juventude, recrutando como companheiros  Catarina Barros e Rui Pina Coelho. Partindo de uma estrutura da árvore genealógica da sua família constroem três espetáculos: “O Grande tratado da encenação”, baseado na mocidade dos seus avós; “A tecedeira que lia Zola”,  sobre a juventude dos seus pais e “Maioria absoluta”, inspirada na sua própria adolescência nos anos de 1990. 

 A reboque das comemorações do 25 de abril “A tecedeira que lia Zola” foi remontada com um novo elenco e será apresentada de 27 a 30 de março no CACE cultural do Porto. O original era composto por Sara Barros Leitão, Bruno Martins, Catarina Gomes e Tiago Jácome, todos nomes aclamados no teatro nacional.  Bruno Martins  do elenco original, e agora na assistência de encenação diz: “O TEP devia fazer esta obra no mínimo de dez em dez anos, sempre com atores novos”. Catarina Chora, Daniel Teixeira, Telma Cardoso e Tomé Pinto são os novos intérpretes.

 No teatro, um clássico é uma  obra dramática que atravessa o tempo e continua relevante, influente e reconhecida pelo seu valor artístico, literário e cultural. “A tecedeira que lia Zola” relato da vida na clandestinidade de um casal de universitários da burguesia do Porto que decidem trabalhar como operários no Vale do Ave, abandonando toda a sua vida prévia, incluindo privilégios e tiques classiscistas, pagos a duras penas,  tem todas as características para o ser. 

Prova disso é que passados oito anos, o texto original tem uma nova ressonância  como a passagem: “Vão encorajar as forças de direita em Portugal e vão contactar o lado que eles entendem como certo em Espanha, porque isso será bom para  a NATO. Esta nova ordem irá colocar políticos corruptos e traidores no poder e passaremos a viver à sombra do império americano e do capitalismo internacional”. 


“A tecedeira que lia Zola” 
CACE CULTURAL Porto 
27 A 30 de março

Catarina Ferreira