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Extrema-direita europeia apoia Marine Le Pen após condenação da justiça francesa

Marine Le Pen, líder do grupo parlamentar da União Nacional (RN, na sigla em francês), foi hoje condenada pelo tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilâ Foto: Thomas Samson / AFP

Dos Países Baixos à Hungria e Espanha, várias vozes da extrema-direita europeia criticaram, esta segunda-feira, a condenação da líder francesa Marine Le Pen, que fica afastada da corrida presidencial, por desvio de fundos europeus.

O Kremlin (presidência russa) também se juntou às críticas, lamentando a “violação das normas democráticas”. “A nossa observação do que se passa nas capitais europeias mostra que não há qualquer hesitação em ultrapassar o quadro da democracia durante um processo político”, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Marine Le Pen, líder do grupo parlamentar da União Nacional (RN, na sigla em francês), foi hoje condenada pelo tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100 mil euros e a cinco anos de inelegibilidade, a cumprir imediatamente e aplicados mesmo em caso de recurso. Le Pen e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.

“Eu sou Marine”, exclamou o seu aliado e primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, numa publicação na rede social X.

Para o primeiro-ministro nacionalista, Le Pen junta-se às fileiras dos “patriotas” que, segundo ele, são vítimas de uma cabala, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini. O líder da Liga italiana, que também já teve problemas com a justiça do seu país, também deu o seu apoio a Marine Le Pen.

“Não nos deixemos intimidar, não paremos: a toda a velocidade, minha amiga”, escreveu, denunciando a “declaração de guerra” de Bruxelas, que considerou estar na origem da condenação de Le Pen, acusada de ter tido pessoas que trabalhavam efetivamente para a União Nacional pagas pelo Parlamento Europeu.

Perante o que foi considerado um veredicto político pelos tribunais, todos apelaram à continuação da luta.

“Não vão conseguir calar a voz do povo francês”, avisou Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita espanhol Vox.

Nos Países Baixos, o líder do partido de extrema-direita Geert Wilders disse estar “chocado” com uma decisão “incrivelmente dura”. “Estou convencido de que ela vai ganhar o recurso e que se vai tornar Presidente de França”, afirmou na rede social X.

O líder político dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik, afirmou que os tribunais se tornaram “os instrumentos daqueles que temem a democracia”. “Marine Le Pen foi condenada porque é uma ameaça para um sistema que não sabe perder”, disse o dirigente, que foi recentemente condenado pela justiça bósnia a uma pena de prisão e à proibição de exercer funções, terminando também a sua mensagem com um ‘Je suis Marine’ em francês.

Em França, o político de extrema-direita Eric Zemmour, antigo candidato presidencial, escreveu no X que “não cabe aos juízes decidirem em quem o povo deve votar”. “Independentemente das nossas divergências”, Marine Le Pen “tem legitimidade para se apresentar ao sufrágio”, considerou. “Lamento que os políticos tenham dado este poder exorbitante à justiça. É preciso mudar isto”, defendeu Zemmour.

Em Portugal, o presidente do Chega, André Ventura, não se pronunciou sobre a condenação de Le Pen.

JN/Agências