A União Europeia vive os abalos do início da presidência de Donald Trump, que teve um primeiro mês intenso na tomada de decisões para a vida dos EUA e algumas já com impacto a nível mundial. Está a nascer uma nova ordem mundial? Talvez sim, ou talvez não. Essa dúvida tem dentro de si uma certeza clara com impacto na Europa: os países europeus, muito em especial os da União Europeia, têm de tomar nas mãos o seu destino, em especial ao nível da defesa e da competitividade da economia.
Estando numa fase de lançamento do novo mandato dos titulares das Instituições da União Europeia, o tempo tem de ser usado de forma intensa e produtiva, deixando de lado a clássica lentidão, para que a União Europeia cuide de si, dando prioridade a novas políticas e deixando de lado políticas que não lhe acrescentam valor nem cuidam dos interesses das empresas e dos cidadãos europeus. Agir é preciso e é urgente.
Os temas mais pertinentes da União Europeia nesta fase são:
- investimento na sua própria defesa, reduzindo em muito a dependência dos EUA e da NATO;
- aposta forte na competitividade da sua economia;
- aprofundamento do modelo de governação multinível com a relevante participação dos poderes locais e regionais, sabendo que a aposta na coesão tem de existir em todas as políticas da UE;
- estruturação do novo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia, 2028/2034, com novas fontes de recursos financeiros.
É urgente analisar, discutir e decidir sobre os vários cenários da gestão futura do Mecanismo Europeu de Recuperação e Resiliência (o PRR em Portugal), no quadro da inevitável e urgente aposta da União na defesa da Europa, com necessidade de novos recursos financeiros para o seu financiamento, assim como definir a nova Política de Coesão e de Competitividade Económica da União Europeia.
Conseguem os líderes de França e do Reino Unido cuidar de manter uma relação forte e positiva entre a Europa e os EUA, nas reuniões desta semana?
Vai Donald Trump arriscar dar continuidade à negociação da paz na Ucrânia sem a Ucrânia, construindo com a Rússia e com negócios de Estado que ajudem os EUA a resolver os seus graves problemas de défice das contas do Estado e da balança comercial?
Interessa aos EUA uma aliança estratégica com a Rússia, para fazer frente à força económica da China, mesmo secundarizando a Europa?
Consegue a União Europeia definir um só caminho neste conturbado cenário político e geo-estratégico ou as enormes diferenças entre os seus estados-membros vão ser um obstáculo inultrapassável?
Vai continuar a ser a China a ganhar poder político e económico pela solidez e pragmatismo da sua estratégia política, diplomática e económica?
Estas são algumas das muitas perguntas à procura de respostas claras, estáveis e rápidas.
Da Alemanha, chegam ventos de mudança, embora com cenários de estabilidade governativa que não vão ser fáceis de estruturar, mas que se revestem de excecional importância também para a União Europeia e para o Mundo, esperando-se a reedição da coligação CDU/CSU/SPD.
Alerta, Europa: é tempo de agir com as suas próprias forças.