Ciclista português é escudeiro de luxo do ciclista esloveno que procura quarta vitória na prova rainha do ciclismo.
Arranca hoje, em Lille, a 112.ª edição da prova rainha do ciclismo mundial, em que todas as atenções recaem sobre o fenómeno Tadej Pogacar, apontado como o grande favorito à conquista do seu quarto título na Volta a França. A seu lado estará o português João Almeida, que mesmo sendo um dos nomes mais respeitados do pelotão internacional, começa sem ambições de maior, mas com a missão de ser peça-chave na estratégia da UAE Emirates para levar Pogacar ao topo. Se o esloveno, contudo, tiver um azar, o ciclista das Caldas da Rainha pode ter a oportunidade de ouro para lutar pela desejada camisola amarela, um feito que nunca nenhum português conquistou numa grande prova desta dimensão.
O percurso de 2025 será integralmente disputado em solo francês, algo que não acontecia desde 2020, totalizando 3 338,8 quilómetros e incluindo cinco chegadas em alto, uma cronoescalada e um contrarrelógio plano de 33 km. A organização volta a apostar num desenho montanhoso, com destaque para a mítica ascensão ao Mont Ventoux e com a etapa rainha a terminar no temido Col de la Loze, o ponto mais alto da prova, com 2 304 metros de altitude.
A época de Tadej Pogacar tem sido de domínio absoluto. Depois de alterar o calendário para apostar nas clássicas, somou vitórias na Strade Bianche, Volta a Flandres, Liège-Bastogne-Liège e Critério do Dauphiné, onde deixou claro estar a atravessar uma forma excecional. Aos 26 anos, já soma 99 triunfos na carreira e procura, neste Tour, igualar os quatro títulos de Chris Froome, colocando-se apenas a um do quarteto lendário: Merckx, Hinault, Anquetil e Indurain.
Do lado da concorrência, Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), mesmo escudado com uma equipa de luxo, chega sem o mesmo ritmo competitivo, após uma longa paragem devido a uma queda no Paris-Nice. Remco Evenepoel (Soudal Quick Step), terceiro classificado em 2024, carece de apoio nas montanhas, e Primoz Roglic (Red Bull BORA–hansgrohe), depois de abandonar a recente Volta à Itália, é uma incógnita. Com esse cenário, só um erro tático da UAE Emirates ou um infortúnio parecem poder travar o ciclista esloveno.
E é aqui que entra João Almeida, quarto classificado na prova do ano passado e o único português a fazer top-5 nas três grandes Voltas. Com uma temporada irrepreensível, tornou-se no terceiro corredor da história a vencer, no mesmo ano, a Volta à Suíça, Romandia e País Basco. Ainda assim, o corredor já deixou claro que rejeita objetivos pessoais e assume com naturalidade o papel de apoio ao líder. Mas pode ter uma oportunidade se Pogacar tiver um azar e a equipa precisar de lançar um ciclista para conquistar a amarela final.
O segundo português no pelotão é Nelson Oliveira (Movistar) que disputa a sua nona Volta a França. Com mais de 20 grandes Voltas no currículo, o ciclista de Vilarinho do Bairro assume-se como gregário de Enric Mas e mantém o sonho de vencer uma etapa, à semelhança do que conseguiu na Vuelta de 2015.