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Enfermeiro costa-marfinense condenado por comentário "ultrajante" sobre presidente

O enfermeiro declarou que, se a mãe do presidente tivesse "abortado, teria salvado África" Foto: Direitos Reservados

Um enfermeiro costa-marfinense foi condenado a três anos de prisão efetiva por um comentário nas redes sociais considerado "ultrajante" que visava o presidente, Alassane Ouattara, anunciou o Procurador-Geral da República do país. 

Tokpa Flan Japhet, um enfermeiro de 43 anos, "foi julgado e condenado em 18 de julho a 36 meses de prisão efetiva e a cinco milhões de francos CFA de multa [cerca de 7.622 euros], apesar do seu pedido de perdão", indicou o procurador em comunicado na segunda-feira.

Segundo a mesma fonte, o profissional de saúde é o autor de um "comentário extremamente ultrajante nas redes sociais dirigido a uma instituição da República".

Na rede social Facebook, o enfermeiro declarou que, se a mãe do presidente tivesse "abortado, teria salvado África". "Nem o arrependimento nem o pedido de perdão têm efeito sobre a realidade das infrações", afirmou o procurador de Abidjan, Oumar Braman Koné.

O magistrado alertou "mais uma vez todos os autores de desvios de linguagem nas redes sociais (...) estejam eles na Costa do Marfim ou fora do país".

A poucas semanas da eleição presidencial, as condenações de vozes dissonantes estão a multiplicar-se.

Desde o início de junho, seis líderes juvenis do principal partido da oposição foram detidos por terem apelado à mobilização num vídeo publicado nas redes sociais.

Outro homem, Moussa Diakaté, foi interpelado após publicar um vídeo onde "profere ameaças de morte contra os partidários de um grupo político", indicou o procurador.

Diakaté deve ser hoje encaminhado ao Ministério Público.

A Costa do Marfim, o maior produtor de cacau do mundo, já vivenciou violências em períodos eleitorais diversas vezes. No final de 2010 e início de 2011, a eleição do atual presidente, contestada pelo rival Laurent Gbagbo, resultou em cerca de três mil mortes.

Quatro figuras da oposição, incluindo o ex-presidente Laurent Gbagbo (2000-2011), foram excluídas da corrida presidencial de 25 de outubro por decisões judiciais.

Por sua vez, o chefe de Estado mantém a dúvida sobre a sua candidatura a um quarto mandato.

JN/Agências