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Estado da Palestina arriscaria ser "agente iraniano como Gaza", diz Netanyahu

"Tal medida premeia o terror", disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu Foto: Abir Sultan/EPA

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reagiu esta quinta-feira à decisão francesa de reconhecer o Estado da Palestina afirmando que esta "arrisca-se a criar mais um agente iraniano, tal como Gaza", que lute pela "aniquilação" de Israel.

"Condenamos veementemente a decisão do presidente [Emmanuel] Macron de reconhecer um Estado palestiniano próximo de Telavive após o massacre de 7 de outubro", afirmou Netanyahu na rede social X, em referência ao ataque de 2023 em território israelita perpetrado pelo movimento islamita palestino apoiado pelo Irão.

"Tal medida premeia o terror e corre o risco de criar mais um agente iraniano, tal como Gaza se tornou", adiantou o primeiro-ministro israelita.

"Um Estado palestiniano nestas condições seria uma rampa de lançamento para aniquilar Israel — não para viver em paz ao seu lado. Sejamos claros: os palestinianos não procuram um Estado ao lado de Israel; procuram um Estado em vez de Israel", sublinhou o líder conservador.

A França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, em setembro, anunciou hoje o Presidente Emmanuel Macron.

"Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina. Farei o anúncio formal na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro próximo", escreveu o chefe de Estado francês no X.

Macron afirma já ter manifestado ao presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, a sua "determinação em avançar".

Antes de Netanyahu, o vice-primeiro-ministro israelita, Yariv Levin, qualificou a posição de Macron de "decisão vergonhosa".

"É uma mancha negra na história francesa e uma instigação direta ao terrorismo" e significa que agora é "tempo de aplicar a soberania israelita" na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, adiantou o também ministro da Justiça.

"A Terra de Israel pertence ao povo de Israel, e nem mesmo a declaração do Presidente Macron pode mudar isso", afirmou Levin numa mensagem no Telegram.

O vice-presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, saudou a intenção da França de reconhecer o Estado da Palestina, agradecendo a Macron.  

"Esta posição reflete o compromisso da França com o direito internacional e o seu apoio aos direitos do povo palestiniano à autodeterminação e ao estabelecimento do nosso Estado independente", disse.

O ministro israelita da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, reagiu à decisão de Macron partilhando no X um vídeo recente que mostra a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, aparentemente a esbofeteá-lo ao desembarcar no Vietname: "Esta é a resposta apropriada ao seu reconhecimento de um Estado palestiniano como recompensa ao terrorismo do Hamas", acrescentou.

Entre os países europeus, Eslovénia, Espanha, Irlanda e Noruega foram pioneiros no reconhecimento do Estado palestiniano, em 2024.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reagiu quase de imediato ao anúncio de Macron.

"Celebro que a França se junte a Espanha e a outros países europeus no reconhecimento do Estado da Palestina. Juntos, devemos proteger aquilo que [Benjamin] Netanyahu (primeiro-ministro de Israel) está a tentar destruir", publicou Sánchez no X,.

Para o chefe do governo espanhol, "a solução de dois Estados é a única solução".

JN/Agências