Habitantes da Cooperativa de Cacilhas não querem o equipamento junto às casas e criticam falta de informação.
As obras para instalação de um poste de alta tensão no coração da Cooperativa de Habitação Cacilhas de Oeiras surpreenderam os moradores que julgavam tratar-se da instalação de novos ecopontos. Apenas souberam do que ia acontecer em contacto com o empreiteiro no local e logo se juntaram e insurgiram-se junto da Câmara contra a existência de um poste de alta tensão junto das casas.
Tiago Jorge, morador na cooperativa há 13 anos, diz que vai ter as linhas de alta tensão a dez metros das suas janelas. "Não podemos estar a viver com linhas de alta tensão de 60 kilovolts junto às nossas casas, o meu filho vai ter um poste a sete metros do quarto, quando é sabido que a proximidade a estas linhas de alta tensão traz graves prejuízos para a saúde, que o barulho é ensurdecedor e quando há vários moradores com problemas oncológicos", diz ao JN.
Os moradores criaram uma petição online para travar a obra, que dizem ter sido aprovada sem qualquer consulta pública, e a Quercus também já denunciou que esta instalação traz prejuízos para a saúde pública, por estar bastante perto das residências. A obra, diz Tiago Jorge, foi travada no final de junho quando estava prevista a remoção de árvores que não podiam ser cortadas, neste caso dragoeiros.
Carla Castelo, vereadora da oposição na autarquia, critica o executivo por aprovar este projeto "contra o interesse da população e contra pareceres técnicos da autarquia". "Estão a ser construídos dois postes de alta tensão, um nas traseiras dos bombeiros, onde está prevista a construção de um lar, e um no coração da Cooperativa de Habitação Cacilhas de Oeiras. São obras contra o interesse, saúde pública e qualidade de vida das populações apenas para poupar alguns milhões de euros numa obra para enterrar a linha de alta tensão nesta zona", diz a vereadora do Livre, BE e Volt.
A Quercus defende a suspensão imediata das obras, a realização de uma sessão pública com técnicos especialistas e que sejam seguidas as recomendações da Direção-Geral da Saúde.
Linhas para enterrar
A Câmara diz que a construção de novas habitações leva a que infraestruturas tenham de ser criadas ou alteradas em função das novas necessidades, sendo este o caso, para a zona de Cacilhas de Oeiras. A autarquia considera que a sua concretização "implica o desvio, de forma provisória, da rede de média tensão" e que o seu "enterramento tem sido uma das principais reivindicações do Município junto da E-Redes, tendo sido assegurado por aquela entidade que irá acontecer a médio prazo".