Lavra desde 2 de agosto. Esteve em resolução por três vezes mas teve reativações, algumas que "levantam preocupações" à Proteção Civil, por serem "estranhas". O fogo de Sirarelhos continua ativo e é mais uma noite em claro para as povoações da serra do Alvão.
Populares uniram-se esta terça-feira em Paredes, na serra do Alvão, Vila Real, para travar o fogo que se aproximou do cimo da aldeia, onde os pastores retiraram as cabras e vacas das cortes para os protegerem dentro da localidade.
Ana Silva está a viver há pouco tempo em Paredes e a sua preocupação foi com o barracão com feno, coelhos e galinhas. Consigo estavam cerca de mais dez pessoas com giestas e "batedores caseiros" a tentar apagar os reacendimentos e travar a progressão das chamas para o seu barracão.
"Ao menos para proteger o feno do ano todo ou não vamos ter o que dar de comer ao gado", afirmou à agência Lusa, salientando que as pessoas se uniram para proteger também "o pulmão" de Paredes.
É a floresta de pinhal adulto que está a arder esta noite perto da aldeia, para onde se dirigiu o incêndio que deflagrou a 2 de agosto, em Sirarelhos. Esta é a 25.ª aldeia percorrida pelo fogo que serpenteou a serra do Alvão, já esteve em conclusão e reativou por duas vezes. De Paredes, o incêndio progride para Benagouro e Vilarinho da Samardã.
Lá em cima da aldeia, junto com os populares estavam operacionais da Força Especial da Proteção Civil, pelo resto da aldeia espalharam-se bombeiros e militares da GNR. "Eles fazem o que podem, mas a prioridade são as casas. Estou muito preocupada, logo isto no primeiro ano em que estou aqui a morar. Foi uma tarde de sobressalto", afirmou Ana Silva.
Adelaide Coutinho tem 55 cabras, dois cavalos e duas vacas que estavam na corte e que trouxe para junto de casa. As suas cabras estão agora, protegidas, num pequeno campo de futebol vedado. "Tive que as tirar para as conseguir salvar. O incêndio passou lá, mas, graças a Deus, os meus filhos conseguiram salvar aquilo", afirmou.
As chamas destruíram os pastos para os animais. "E depois? Temos que tirar do bolso para lhe darmos de comer", salientou a pastora que ao mesmo tempo que falava com a Lusa regava também o quintal da sua casa com medo da queda de alguma faúlha. Adelaide Coutinho referiu que não estava à espera que o incêndio chegasse tão perto da aldeia. "Foi muito assustador", afirmou.
Marcelo Escaleira é emigrante em França e referiu que esta foi uma tarde de sobressalto. "O incêndio está muito perigoso", referiu.
À memória dos habitantes desta aldeia vêm outros incêndios que aqui bateram, em 2005, em 2017, em 2022 e, agora, outra vez em 2025. "Está a arder o pulmão da aldeia que é a floresta de Paredes. Esta parte ardeu em 2005, ficou horrível, já estava outra vez bonito e, agora, de novo, tudo a arder", frisou.
Carla Mezia fala "num caos". "Do nada para o nada alastrou e foi mesmo tudo. É a nossa floresta que estava bonita, verdinha, dava-nos aqui muito ar e vai tudo embora", salientou. Carla mostrou-se ainda preocupada com a sua casa e o terreno em frente a ela que "não está limpo, nem deixam limpar".
Segundo a página da internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), pelas 22.30 horas estavam mobilizados para este incêndio 488 operacionais e 163 veículos.