Opinião

A diferença entre Farioli e Anselmi é muito mais que um choque de estilos

Ainda é cedo para se deitar foguetes, mas o F. C. Porto desta época parece conjugar dois pilares essenciais no futebol: tem um princípio de jogo definido e sólido, ou seja, a equipa parece sempre equilibrada e consegue ter uma capacidade vertiginosa para atacar como gostam os adeptos. Francesco Farioli é um romântico, mas tem os pés bem assentes no chão e sabe que as equipas também são feitas de cimento, basicamente aquilo que faltou a Martín Anselmi, preso a um modelo de jogo incapaz de ir ao encontro das necessidades do plantel e, se calhar, também amarrado a uma teimosia que só o prejudicou.

A exibição e o triunfo claro frente ao V. Guimarães, mesmo que tenha tido o elemento agregador provocado pela morte de Jorge Costa, teve o perfume e a intensidade que não se viam desde os tempos mais longínquos de Sérgio Conceição. Mas também não podemos ser inocentes e pensar que o treinador, por si só, consegue fazer milagres num simples pestanejar de olhos. A diferença é que Francesco Farioli tem bons ovos para fazer as melhores omeletes, ou seja, tem jogadores de qualidade e com margem de crescimento, o que faltou ao F. C. Porto na época passada e deixou os adeptos em depressão.

Não há campeões na primeira jornada, os campeonatos são provas longas e cheias de contrariedades, apenas decididos quando o inverno começa a ser mais duro e a carga competitiva faz pesar as pernas por causa das provas europeias. Mas perante o que se viu esta semana, os adeptos do F. C. Porto têm toda a legitimidade para sonhar.

Norberto A. Lopes