Praça da Liberdade

Até pró"ano?

No despertar da época balnear, o Governo deu conta da existência de um "Plano de Intervenção para a Floresta 2025-2050", de 21 de março.

Convenhamos que o território que envelhece, perde população e vitalidade precisa de muito mais do que a compaixão do centralismo, a nossa atenção em agosto e um plano que trata apenas da floresta. Mas também este pode ser útil. Ainda que não estabeleça prioridades e coloque como os primeiros desafios a "agregação funcional da propriedade" e a "gestão ativa à escala da paisagem", para o que já há resposta, na forma de "Operações Integradas de Gestão da Paisagem" (OIGP), lançadas em 2020. Estas são essenciais, tal como os condomínios de aldeia, sendo triste saber que há apenas 62, para cerca de 1% do território nacional, e nenhuma em preparação depois de 2022. O que falta? Descentralização, capacidade para o Estado intervir nos terrenos privados - para prevenir e não só para combater os incêndios - e, sobretudo, vontade política. Quando se começará a reduzir significativamente o abandono da floresta plantada? E a aumentar a área de sobreiros e folhosas (desde logo em áreas ardidas) e a de agricultura e pastoreio? Mais que tudo, o que se faz - ou pensa fazer - para o desenvolvimento global do "Portugal que se esvazia"?

É para esperar sentado, não é? Afinal, já está aí o futebol, temos o Trump, guerras e novelas, as eleições autárquicas estão à porta e segue-se o orçamento. Até pró"ano? Não. Não pode ser!

José A. Rio Fernandes